No Brasil o que mais se discute no âmbito da política são a corrupção e
a impunidade que contamina historicamente o nosso país. Os quatro poderes se protegem
mutuamente, incluindo a imprensa, e desfazer esse círculo vicioso seria um dos
grandes feitos da sociedade civil.
São escândalos se avolumando por todo país, onde a Lei da Ficha Limpa
parece ser letra morta. Nossos governantes criam a vontade cargos comissionados,
onerando os cofres públicos; nomeiam pessoas de sua confiança para lhes fiscalizar;
a DRU é um absurdo que não se discute sua legitimidade e as obras
superfaturadas estão por toda parte sem nenhuma ação eficaz dos órgãos fiscalizadores.
Infelizmente no futebol acontece o mesmo. Presidentes de federações se perpetuam
no poder sem nenhum senso crítico da imprensa (em sua maioria), a Copa do Mundo
no Brasil é festejada como se o acontecimento servisse para melhorar o status
social do nosso país e a principal entidade que rege esse esporte está
mergulhada em escândalos de corrupção, demonstrando que a impunidade está presente
não só na política nacional.
O jornalista e historiador Lúcio de Castro dos canais ESPN fez uma reportagem
investigativa um tanto perturbadora. Cláudio Honigman, que era (ou é) parceiro
de Riccardo Teixeira e Sandro Rosell, foi recebido “com horas” pela ministra da
Casa Civil Gleisi Hofmann no dia 21 de agosto.
Cláudio Honigman comandava os negócios da seleção brasileira na época de
Ricardo Teixeira, oferecendo serviços em nome de sua empresa 100% Marketing. O cidadão citado tem seu
nome envolvido em diversos escândalos que vai desde a prisão decretada por
falta de pagamento de pensão alimentícia (10/10/10) à organização fraudulenta
de amistoso da seleção canarinho (contra Portugal no dia 19/11/08).
Honigman teve acesso ao Gabinete da Casa Civil apresentando-se como
presidente do Banco Mizuho no Brasil, porém a assessoria da instituição
financeira negou que o brasileiro o representasse[1].
Por que alguém com caráter tão duvidoso teria livre acesso aos
corredores da Casa Civil? O que este indivíduo poderia acrescentar ao Governo
Federal? São perguntas que precisam ser respondidas, no entanto não teremos a
colaboração da grande imprensa.
A construção dos estádios para a Copa 2014 é mais um assunto delicado referente
ao futebol brasileiro. A grande mídia trata de desqualificar qualquer crítica
que envolve a construção das Arenas e os valores insensatos de alguns nem são
contestados, muito menos investigados.
O futebol brasileiro saiu das mãos dos clubes e o torcedor é o mais prejudicado
nessa conjuntura, pois as novas Arenas são espaços para poucos. Os maiores beneficiados
são as construtoras, as empreiteiras e os tais “consórcios”. Maracanã e
Mineirão, só para citar os principais, deixaram de ser dos clubes, pois houve
privatizações com dinheiro público. O Estado arca com 4x e vende por x. Sou péssimo
em matemática, mas até eu entendi essa conta. Quanto absurdo no país da Copa!
Já escrevi em outro artigo sobre a sordidez que são os valores desses estádios,
portanto não serei repetitivo. Mas o inconformismo não está ausente como pensavam
as elites do Brasil. As manifestações foram a prova de que o povo descontente
será a mola propulsora para a mudança. Substituir lideranças no poder não é
suficiente, pois a estrutura permanece. Um exemplo é a troca do Teixeira pelo
Marín.
Portanto será que um insucesso da nossa
seleção na Copa não seria saudável para alavancar a moralização e a organização
do futebol brasileiro? Quem sabe!