sexta-feira, 3 de abril de 2015

Capitania de São José do Rio Negro à Comarca do Alto Amazonas

1. Implantação da Capitania
* Francisco Xavier de Mendonça Furtado (governador e capitão-general do Grão-Pará e Maranhão) insistia na criação de um novo governo na Amazônia
- Justificativa: Distância, que fazia com que as providências chegassem sempre tarde; Facilitar a vida política e econômica da população; Favorecer a civilização dos índios
- O governador queria acompanhar de perto a ação dos missionários (jesuítas), que eram suspeitos de agirem contrários aos interesses da Coroa Portuguesa
* A Capitania de São José do Rio Negro foi criada pela Carta Régia de 3 de Março de 1755
- Capital: São José do Javari
- Primeiro Governador: Joaquim de Melo e Póvoas (1758)
* Antigos aldeamentos missionários tornaram-se Vilas ou Lugares
- Missão de Nossa Senhora da Conceição de Mariuá: Vila de Barcelos
- Missão de Trocano: Vila de Borba

2. De Mariuá a Barcelos
* Executadas obras de infraestrutura
- Pontes ligando bairros, Arruamento, Praças, Aterramentos de áreas alagadiças
* 1757: 2000 habitantes
* 1758: Passou a se chamar Barcelos
* Barcelos ficou como sede da Capitania do Rio Negro até 1791
- O governador Manuel Lobo D’ Almada transferiu para a Barra do Rio Negro
- 1798: Barcelos voltou a ser sede
- 1808: A sede transferiu-se definitivamente para a Barra do Rio Negro
* 1669: Fortaleza da Barra do Rio Negro

3. Economia e Sociedade
* Extrativismo Vegetal: Drogas do Sertão (exclusiva para exportação)
- Madeiras, Cravo, cacau, baunilha, salsaparrilha, óleos, ervas
* Agricultura: Café, tabaco, anil, algodão, cacau, arroz, milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca (consumo interno)
- Café e anil: Excedentes erram exportados para Belém ou Lisboa
* Motivos da Débil Agricultura na Região
- Hostilidade dos índios tribais (Muras e Mundurucus)
- Carência de mão-de-obra indígena aldeada
- Mão-de-obra aplicada na coleta das drogas do sertão
* Primeiros ensaios de criação de gado bovino em Rio Branco
* Manufaturas: Produção de manteiga de banha e ovos de tartaruga do Solimões; Indústria têxtil em Barcelos; Olarias; Feituras de Cuias e Redes; Produção de Aguardente e Farinha de Mandioca
* Essas atividades não tornavam a Capitania autossuficiente
- Comércio em larga escala envolvendo a Capitania, Belém e Lisboa
- Importavam sabão, algodão, aguardentes e comestíveis

4. Índios, Negros e Brancos
* Índios: Maioria da população
- Índios aldeados que eram considerados livres pelas leis pombalinas
* Negros: Escravos e descendentes vindos da Costa da África, Cabo Verde e Angola
* Brancos: Ex-soldados que vieram com as Comissões de Demarcações
- Alguns casaram com índias e aproveitaram os benefícios que o Governo Português concedia
* 1760: 5 mil habitantes
* 1796: 14232 habitantes

5. Demarcações dos Limites da Amazônia Portuguesa
* De acordo com o Tratado de Tordesilhas (1494) a maior parte da Amazônia pertencia à Espanha
* União Ibérica (1580-1640): Portugueses penetravam na Amazônia
* Expedição de Pedro Teixeira (1637-1639): Chegou a Quito viajando pela calha central da Amazônia
- Tomou posse da região pela Coroa Portuguesa
* 1736: Já tinham invadido e conquistado quase todo o imenso território amazônico
* Tratado de Madri (1750)
-  Reconheceu a soberania do Governo Espanhol sobre a colônia de Sacramento e sobre a margem do Rio Prata
- Reconheceu a posse da Amazônia e de Mato Grosso para Portugal

6. Expedição das Demarcações
* Para essa tarefa Portugal contratou engenheiros, cartógrafos, desenhadores, astrônomos, matemáticos na Itália e Alemanha
- A esses se juntaram portugueses (comissão de alto nível)
* As demarcações dos limites foram demoradas
- Motivos: Conflito com jesuítas (eram contra as demarcações), Guerras intertribais (dificultava o acesso em algumas áreas), Demora na chegada dos demarcadores espanhóis
* As disputas, má vontade e rivalidades entre os demarcadores portugueses e espanhóis anularam o Tratado de Madri
* Tratado de Santo Ildefonso (1777): Reconhecia os limites estabelecidos no Tratado de Madri
* Rivalidades entre espanhóis e portugueses continuaram
- Tabatinga, pelo Tratado, ficaria sob o domínio espanhol, mas os portugueses se recusaram a entregá-la aos espanhóis

7. Viagem Filosófica
* Alexandre Rodrigues Ferreira elaborou memórias sobre a fauna, flora e mineralogia da região
- Fez descrições das etnias existentes na Amazônia
* Parte desse acervo amazônico foi disperso quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal
* O material de pesquisa de Alexandre Rodrigues encontra-se atualmente no Museu Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra e na Biblioteca Nacional (RJ)

8. Estado do Grão-Pará e Rio Negro e a Independência do Brasil
* 1822: Constituía uma unidade político-administrativa da Coroa Portuguesa
- Era uma outra colônia com o nome de Estado do Grão-Pará e Rio Negro
- Composta por duas capitanias: Pará e Rio Negro
* Durante o delicado processo político de independência do Brasil (1808-1822) estabeleceram-se vínculos mais fortes entre os Estados do Brasil e do Grão-Pará e Rio Negro
* Porém, as autoridades do Grão-Pará continuavam recebendo ordens de Portugal, ignorando D. Pedro I que se estabeleceu no RJ
* Esta situação perdurou até agosto de 1823, quando as tropas de D. Pedro I incorporaram a Amazônia ao Império do Brasil
* No entanto, somente o Pará foi reconhecido como província

9. Comarca do Rio Negro (1824-1833)
* A região do Rio Negro (antiga Capitania do Rio Negro) recebeu um status inferior (Comarca da Província do Pará)
* Resultado: A incorporação da Amazônia portuguesa ao Brasil não alterou o caráter subalterno do Rio Negro em relação ao Pará
* 1850: Rio Negro passou à categoria de Província do Amazonas
* A elite do Rio Negro teve de aceitar a condição de Comarca
                                                  
10. Movimento Autonomista do Rio Negro (1832)
* 1825: A Câmara Municipal de Barcelos transferiu-se para a Barra do Rio Negro, gerando conflitos
* 1828: Para contornar a crise a Câmara voltou para Barcelos
* Alguns políticos eram simpáticos à autonomia do Rio Negro, devido às dificuldades encontradas pela administração provincial em resolver os conflitos entre as autoridades
* 12/04/1832: Levante Militar na Barra do Rio Negro
- A tropa que guarnecia a Comarca do Rio Negro rebelou-se contra o governo provincial por falta de pagamento de salários
- O coronel Felipe dos Reis, comandante da guarnição, ao tentar restabelecer a disciplina, foi morto pelos soldados
- Os soldados negociaram o pagamento dos soldos e restabeleceram a ordem
* O episódio nada tinha a ver com as tentativas de autonomia, mas foi bem explorado por esses grupos 
* Acontecimento que abriu caminho para as aspirações autonomistas
- Membros dos poderes legislativo municipal e judiciário, ao assumirem a Comarca em 1832, transformaram-na em Província e deixaram de lado a autoridade paraense

11. Repressão do Governo Paraense
* O Governo paraense enviou tropas para restaurar a legalidade e punir os revoltosos
* A repressão militar paraense foi violenta, pois os autonomistas não estavam preparados
* 10/08/1832: As autoridades separatistas fugiram e suas decisões foram anuladas
* As autoridades imperiais condenaram a atitude do povo da Comarca do Rio Negro, taxando-os de criminosos
* Somente a Assembleia Geral do Império podia decidir sobre a elevação ou não da Comarca do Rio Negro à categoria de Província

12. Comarca do Alto Amazonas (1833-1850)
* O Lugar da Barra do Rio Negro foi elevado à categoria de Vila com o nome de Manaus (tornou-se sede da Comarca)
* 1834: Protestos em Manaus
- População livre foi prejudicada porque o Governo Provincial retirou as moedas de cobre, que eram o meio circulante mais comum na região
- Sua Câmara Municipal manifestou-se favorável aos reclamantes, anulando a medida

13. Cabanagem no Alto Amazonas (1836-1840)
* Participantes: Classes abastadas, índios destribalizados, mestiços, brancos pobres, negros, Mundurucus, Maués e Muras
* A cabanagem representou uma oportunidade de mudança social revolucionária para as condições regionais
* Revolta Aberta: Setores populares tiveram que assimilar o discurso da elite e reelaborar seus projetos para agirem de forma autônoma
* Bernardo Sena, líder dos cabanos do Alto Amazonas, foi preso e depois libertado pelos rebeldes do Baixo Amazonas
* Em 06/03/1836 os rebeldes dominaram Manaus e tomaram a Câmara
* Os cabanos atacavam as autoridades provinciais, declarando-os culpados pelo atraso da região
* Entre março e agosto de 1836 os cabanos puseram na presidência da província Eduardo Nogueira Angelim
* Cabanos versus Cabanos: Disputa pelo poder
* Após a morte de Bernardo Sena houve a desestruturação da ordem cabana
* Os cabanos resistiram até 1840, assegurando-se do conhecimento que tinham das regiões e de simpatizantes (índios e caboclos)
* Caio Prado Júnior: “É ela um dos mais, senão o mais notável movimento popular do Brasil”

14. Amazonas Pós-Cabanagem
* Amazonas vivia um caos econômico e administrativo
* Possuía uma ampla zona de fronteira (propícia a penetrações)
* Eram necessários cuidados especiais para manter a região como parte do Estado Nacional brasileiro
* 24/10/1848: Assembleia Provincial Paraense elevou a Vila de Manaus à categoria de Cidade
- Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro
- 04/09/1856: A cidade passou a se chamar Manaus

15. Imbróglio do Aniversário de Manaus
* 1669: Fundação da Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro
- Não possui documento sobre data e mês; não há certeza sobre o ano
* Confusão: Em 1969 as autoridades de Manaus festejaram os 300 anos da cidade
- Porém em 24 de outubro de 1998 foi comemorado os 150 anos de Manaus
* As datas são da fundação da Fortaleza da Barra do Rio Negro e da Elevação de Manaus à categoria de cidade 
* Obs: O termo "comarca" passou a ser utilizado para designar as subdivisões administrativas e judiciais em que se dividiam as províncias e que correspondiam, aproximadamente, às áreas dos atuais distritos administrativos. Desde a divisão administrativa do país em distritos administrativos, levada a cabo em 1835, o termo "comarca" passou a ser apenas utilizado para designar as divisões judiciais correspondentes à área geográfica de jurisdição de cada um dos tribunais judiciais de 1ª instância.

 
      




 
  



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