terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pequenos Gestores, Grandes Negócios

     A educação no Brasil vem respirando por aparelhos há tempos. São salas de aula desestruturadas, sem climatização, sem material e recursos didáticos adequados, e, principalmente, com professores desestimulados e estressados, devido aos baixos salários e assédio moral promovido por alguns gestores.
     Além desses problemas, a educação se transformou num espaço eleitoreiro, onde muitos diretores agem para divulgar dados mentirosos do sistema educacional de nosso país. Isso mesmo. As salas de aula viraram fábricas, onde a meta principal é a produtividade. São números. São elevados graus de aprovação, mesmo que tais alunos não estejam aptos a serem aprovados. Muitos não podem nem serem aprovados em exames de fezes, pois são verdadeiros analfabetos.
     Daí vão as perguntas. Por que os professores seguiram com esse aluno? Por que não o reprovaram para poder tentar recuperar algo que se perdeu na série anterior? Por que a escola permitiu isso?
     Doa a quem doer, o objetivo são elevados percentuais de aprovação. Se o aluno não comparece? Invente nota. Se o aluno não faz avaliações? Procure-o. Se o aluno tumultuar, não quiser estudar? Aguente, pois os pais de tais indivíduos são importantes eleitores.
     Nossos alunos já perceberam o paternalismo que é o sistema educacional. São tutelados pelo Estado para serem seus maiores divulgadores de números fantasiosos. Escolas com 80% e 90% de aprovação. Diretores pressionando professores para esses números elevarem. Essa é a realidade de nossa educação.
     A formação do cidadão, a responsabilidade, a qualidade da educação são deixadas de lado em prol de vultosos índices que enganam o telespectador e a sociedade. A mudança desse quadro é difícil. Diria que é impossível, pois requer um conjugado de situações.  
     Investimentos maciços na área, salários compatíveis com um profissional com ensino superior, recursos e materiais abundantes e mudança de postura das secretarias educacionais são medidas que urgem.
     Todos esses escândalos envolvendo morte de alunos e professores refletem o atual momento que vivem os trabalhadores da educação. Vivem temerosos e estressados. Muitos bons colegas já deixaram a área. Outros vão deixar ou já estão deixando. Os piores estão procurando as salas de aula, piorando a qualidade da formação de nossos jovens. Enquanto não houver boa vontade política, a situação tende a piorar, assim logo logo chegaremos à barbárie.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Crise Neoliberal e Sofrimento Humano *

O balanço que faço de 2010 vai ser diferente. Enfatizo um dado pouco referido nas análises: o imenso sofrimento humano, a desestruturação subjetiva especialmente dos assalariados, devido à reorganização econômico-financeira mundial. Há muito que se operou a “grande transformação” (Polaniy), colocando a economia como o eixo articulador de toda a vida social, subordinando a política e anulando a ética. Quando a economia entra em crise, como sucede atualmente, tudo é sacrificado para salvá-la. Penaliza-se toda a sociedade como na Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e mesmo nos USA em nome do saneamento da economia. O que deveria ser meio transforma-se num fim em si mesmo.
Colocado em situação de crise, o sistema neoliberal tende a radicalizar sua lógica e a explorar mais ainda a força de trabalho. Ao invés de mudar de rumo, faz mais do mesmo, colocando pesada cruz sobre as costas dos trabalhadores. Não se trata daquilo relativamente já estudado do “assédio moral”, vale dizer, das humilhações persistentes e prolongadas de trabalhadores e trabalhadoras para subordiná-los, amedrontá-los e, por fim, levá-los a deixar o trabalho. O sofrimento agora é mais generalizado e difuso afetando, ora mais, ora menos, o conjunto dos países centrais. Trata-se de uma espécie de “mal-estar da globalização” em processo de erosão humanística.
Ele se expressa por grave depressão coletiva, destruição do horizonte da esperança, perda da alegria de viver, vontade de sumir do mapa e até, em muitos, de tirar a própria vida. Por causa da crise, as empresas e seus gestores levam a competitividade até a um limite extremo, estipulam metas quase inalcançáveis, infundindo nos trabalhadores angústias, medo e, não raro, síndrome de pânico. Cobra-se tudo deles: entrega incondicional e plena disponibilidade, dilacerando sua subjetividade e destruindo as relações familiares. Estima-se que no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas sofram este tipo de depressão, ligada às sobrecargas do trabalho.
A pesquisadora Margarida Barreto, médica especialista em saúde do trabalho, observou que ano passado, numa pesquisa ouvindo 400 pessoas, que cerca de um quarto delas teve ideias suicidas por causa da excessiva cobrança no trabalho. Continua ela: “é preciso ver a tentativa de tirar a própria vida como uma grande denúncia às condições de trabalho impostas pelo neoliberalismo nas últimas décadas”. Especialmente são afetados os bancários do setor financeiro, altamente especulativo e orientado para a maximalização dos lucros. Uma pesquisa de 2009 feita pelo professor Marcelo Augusto Finazzi Santos, da Universidade de Brasília, apurou que entre 1996 a 2005, a cada 20 dias, um bancário se suicidava, por causa das pressões por metas, excesso de tarefas e pavor do desemprego. Os gestores atuais mostram-se insensíveis ao sofrimento de seus funcionários, acrescentando-lhes ainda mais sofrimento.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de três mil pessoas se suicidam diariamente, muitas delas por causa da abusiva pressão do trabalho. O Le Monde Diplomatique de novembro do corrente ano denunciou que entre os motivos das greves de outubro na França, se achava também o protesto contra o acelerado ritmo de trabalho imposto pelas fábricas causando nervosismo, irritabilidade e ansiedade. Relançou-se a frase 1968 que rezava: “metrô, trabalho, cama”, atualizando-a agora como “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer, doenças letais ou o suicídio como efeito da superexploração capitalista.
Nas análises que se fazem da atual crise, importa incorporar este dado perverso que é o oceano de sofrimento que está sendo imposto à população, sobretudo, aos pobres, no propósito de salvar o sistema econômico, controlado por poucas forças, extremamente fortes, mas desumanas e sem piedade. Uma razão a mais para superá-lo historicamente, além de condená-lo moralmente. Nessa direção caminha a consciência ética da humanidade, bem representada nas várias realizações do Fórum Social Mundial, entre outras.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. Amazonas Em Tempo, Manaus, 28 de Dezembro de 2010.
 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Hipocrisia no País da Copa

     Hipocrisia é o mesmo que fingimento, portanto percebo que esse país está cada dia mais hipócrita. Conforme dados dos governos, tanto Estaduais, quanto no nível federal, educação, saúde, segurança, transporte público estão perfeitas.
     Os veículos de comunicações divulgam a melhoria na educação, o aumento do poder de compra do brasileiro, a melhoria na saúde. O país é mostrado para todos como uma democracia plena, que há a separação dos três poderes, dentre outras falácias. Porém, na realidade a educação só piora a cada ano, pois divulgam números enganosos, onde o objetivo é apenas aprovação e boas notas para os alunos, sem se preocuparem com estrutura física e bons salários para os educadores. Daí o alto índice de analfabetismo funcional em nosso país. Queria ver um político matricular seus filhos numa Escola Pública. Ou obrigarem os parlamentares a frequentarem o SUS.
     O que há no Brasil é uma demagogia sem vergonha, onde os três poderes agem para defenderem seus mútuos interesses. Aquilo que podia ser um instrumento para afastar corruptos da política nacional (Lei da Ficha Limpa) é adiado sob a justificativa de não ferirem a Constituição. Se esses mesmos se preocupassem tanto em não feri-la, talvez ela não estivesse tão abalada.
     Obras superfaturadas, Estádios construídos com dinheiro público, Elefantes Brancos. Esses serão os verdadeiros legados do Mundial para o povo brasileiro. Sem contar no atraso proposital, cujo intuito é elevar ainda mais os valores das obras, já que não há necessidade de licitação.
     Sabemos que a Copa do Mundo é o maior evento esportivo da sociedade atual, mexendo com o coração e o patriotismo de quase todo o planeta. Porém a Copa de 2014 terá uma peculiaridade. A excessiva corrupção. Não que isso seja uma exclusividade do Brasil, no entanto a impunidade, se não é invenção nossa, nós a aperfeiçoamos muito bem.
     Em São Paulo, os organizadores do mundial vão erguer novo Estádio, pois os interesses políticos com o clube dos Bambis não estavam sincronizados. No Rio de Janeiro temos o Estádio mais charmoso e importante do país. Pobre Maracanã. Há menos de três anos fechou as portas para as reformas do Pan. Já foram tantos remendos no ex-maior do mundo que perdi a conta.
     Depois de todo orçamento já aprovado, os cirurgiões do Maracanã resolveram condenar o teto do Estádio, fazendo com que a reforma ultrapassasse um bilhão de reais. Pobre povo brasileiro, bancando tantas obras que não poderão usufruir futuramente. Lembra aquela canção do Zé Ramalho “Tá vendo aquele Estádio moço, eu também trabalhei lá”.
     A situação de Natal é um atentado à inteligência humana. No Rio Grande do Norte temos times como o América e o ABC, que possuem seus próprios Estádios, porém o Governo Potiguar resolveu construir um outro para servir de palco para a Copa. Um verdadeiro Elefante Branco, pois os clubes já afirmaram que não o usarão devido aos altos custos de manutenção.
     Mas o caso mais absurdo e folclórico se encontra em Manaus. O Estádio Vivaldo Lima, antes palco de intensas batalhas entre Nacional e Rio Negro, hoje é o principal cenário do maior Campeonato de Peladas do Mundo. Isso mesmo. Lá se engalfinham o Unidos da Glória, Compensão, Unidos da Alvorada, dentre outros. Não que esses times não sejam importantes para o torneio, mas com todo o respeito, construir um Estádio no valor de R$ 500000,00 (até agora, pois a obra está engatinhando, logo os valores serão maiores) e não investir na alavancada (a médio prazo) do futebol amazonense é brincar com dinheiro público.
     O que está acontecendo no Amazonas é o mesmo que acontece nas 12 sedes da Copa. A preocupação desenfreada em construir, em satisfazer construtoras. A justificativa é sempre a mesma. A Copa servirá para desenvolver a cidade. Veja bem. A última Copa que ocorreu no Brasil foi há 60 anos. Ou seja, esse país do futuro terá que esperar mais 60 anos para se desenvolver? E quem pagará essa conta? Você ainda tem dúvida?
     Logo que a Copa foi definida no Brasil, poucos veículos de comunicações criticaram ou debateram o assunto. A maioria, incluindo todos os canais abertos da televisão brasileira, aplaudiu a escolha.
     Agora, com o Tribunal de Contas de alguns Estados lançando relatórios referentes aos atrasos nas obras, a grande imprensa resolveu divulgar os problemas trazidos pela Copa do Mundo.
     Muita ingenuidade daqueles que se embebedaram com a possibilidade de assistir o Mundial de perto. Este evento não é feito para todos. Uns comemoram com muito dinheiro na conta bancária e outros torcem para comemorar um possível título do Brasil, mas esses vão pagar caro por isso. 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Economia na Educação

            O Amazonas é o 3◦ Estado que menos investe em educação no país. Os números comprovam a nossa debilidade educacional. Em concursos públicos, poucos são os nativos que são aprovados na disputa. O mesmo podemos dizer sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), onde as vagas dos principais cursos são preenchidas por candidatos de outros Estados.
            A média nacional dos investimentos em educação básica gira em torno de R$ 3000,00. O Estado de Roraima, por exemplo, destina mais de R$ 4000,00. Nadando contra a correnteza, o Amazonas aplica pouco mais de R$ 2000,00 de sua arrecadação.
            Agora o Governo amazonense resolveu cortar gastos públicos. Como em qualquer lugar regido pelo neoliberalismo, a tesoura vai ser usada na educação. Os catedráticos da Secretaria chegaram à conclusão que o turno noturno gera prejuízo. Com a evasão escolar a perda gira em torno de R$ 4000000,00 anuais.
            É mais fácil acabar com o turno da noite. Criar mecanismos que tornem a escola mais atrativa está fora de cogitação. A cada ano mais escolas fecham as portas no turno noturno e a sociedade se cala perante essa manobra.
            O ônus que traz um parlamentar para a nação não é debatida, nem contestada pela grande imprensa. Salários astronômicos, principalmente depois desse reajuste; verbas de gabinete; auxílio-paletó; auxílio-combustível; dentre outras regalias que somente esses abençoados podem se dar ao luxo de possuir neste país. Isso sim tem que ser abolido.
            Diga não às verbas de gabinete e às regalias recebidas por esses marajás. Por um país mais democrático e justo. Com menos privilégios aos membros da elite e uma maior distribuição de renda. Só assim viveremos num mundo mais harmônico, caso contrário vamos caminhar a passos largos para a barbárie.   
             

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais uma Aberração

Mais uma patifaria ganha destaque na política brasileira. Ex-governadores, que ocuparam o poder por no mínimo 4 anos, tem o direito a uma pensão vitalícia. Pensão essa que varia de 11 a 25 mil reais. Quando achamos que já vimos toda sordidez possível nesse país, nossos parlamentares inventam mais essa.     
            O descrédito na política nacional é inevitável frente a essas coisas absurdas. Parece que ainda vivemos sob o regime monárquico, onde a família real e os detentores de títulos de nobreza recebem uma atenção privilegiada.
            Que trabalhador doa tão pouco tempo de sua força de trabalho em troca de uma aposentadoria encorpada como esta? Nenhum. Apenas os escolhidos têm esse privilégio. Em sociedades como a nossa, alimentada pela ideologia calvinista, os iluminados são poucos.
            Na história da humanidade as mudanças estruturais que ocorreram nas sociedades foram regadas por muito sangue e luta. Os escravos, os camponeses, os índios, os operários, as mulheres. Todos tiveram que se organizar para provocarem alterações em suas vidas.
            Na Europa e nos Estados Unidos foi preciso o capitalismo se reformular para não despencarem. O Estado de Bem Estar Social amenizou inúmeros problemas e recolocou o consumismo do sistema em seu devido lugar. A economia precisava se locomover e foi necessária a ampla participação do Estado neste processo.
            No entanto, vivemos em tempos diferentes. O neoliberalismo, que promove o analfabetismo de países subdesenvolvidos está dominando este cenário. Se discutimos política, somos chatos. Se criticamos, somos inimigos do desenvolvimento.
            A sociedade está perdendo sua capacidade de se indignar. Tudo, mesmo sendo descarado, tem que ser aceito, pois a cultura da aceitação está sendo divulgada pelos homens que comandam nossa nação.
            Temos que aceitar um aumento salarial de R$16000,00 para parlamentares e um reajuste de R$35,00 para os trabalhadores. Temos que aceitar vereadores, deputados e senadores envolvidos em escândalos que suas próprias mães se envergonhariam. O pior, sem nenhuma punição. Temos que aceitar um sistema que privilegia única e exclusivamente a elite.
            Ainda tenho o poder de indignar-me. Por isso escrevo estas poucas linhas sobre o assunto. Sinto-me roubado a cada dia que vejo o quanto pagamos de impostos sem recebermos a devida atenção do Estado. Educação, saúde, segurança são desprezados. Nascemos num país com um potencial natural inigualável, com um orçamento trilionário, temos um povo trabalhador que mata um leão por dia para sobreviver.
            Camponeses, escravos e outros grupos que foram massacrados na história pegaram em armas para lutarem contra seus algozes. A necessidade faz o homem cometer crimes bárbaros. Um dia, toda esta violência ultrapassará as barreiras dos condomínios de luxo dos ladrões desta nação. Um dia, um dia.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Abandono da Educação no Amazonas

            Mais um ano se inicia e a ladainha é a mesma. A preocupação do poder público com o sistema educacional do país. Os discursos são sincronizados em afirmarem que uma sociedade só evolui através do investimento educacional, porém os números mostram que o Brasil não progride nesta área.     
            Os exemplos na história demonstram o que uma educação de qualidade pode proporcionar para os envolvidos. O fenômeno mais visível é o da Coréia do Sul, que em 40 anos erradicou o analfabetismo e pôs mais de 80% de seus jovens nas Universidades. Com investimentos maciços na educação básica, os asiáticos migraram da miséria para a prosperidade em menos de meio século.
            No entanto, essas mudanças só são possíveis em países sérios e que castigue incondicionalmente a corrupção. Infelizmente não é o caso do Brasil, pois aqui a impunidade já virou cultural e a aliança dos três poderes dificulta a punição dos corruptos.
            O curioso é que nossa educação vai de mal a pior e nossos governantes, de maneira mais cínica possível, vão à frente às câmeras divulgarem melhoras que apenas eles enxergam. Se a educação é tão boa assim, por que nenhum filho da burguesia estuda em escola pública? E os filhos de parlamentares e membros do Executivo e do Judiciário, por que não se matriculam nessas instituições?
            A resposta é simples e óbvia. Os pais querem o melhor para seus filhos. No ranking das 50 melhores escolas da região norte, apenas 9 se encontram no Amazonas. Desses números somente uma é pública, mesmo assim federal. Nenhuma instituição administrada pelo governo do Amazonas aparece na lista, demonstrando o quão está abandonado o sistema educacional no Estado.
            Escolas sucateadas, salas sem nenhuma condição de praticar o ensino-aprendizagem, professores desmotivados e com salários defasados. Essa é a verdadeira realidade da educação no Amazonas. O descaso é tamanho que o representante do Executivo Estadual anunciou um reajuste salarial para os educadores e não cumpriu, demonstrando a importância dessa categoria para o futuro do Estado.
            Infelizmente, com um sindicato pelego e que não representa os interesses dos educadores fica difícil a mudança estrutural desse sistema. Os professores continuarão trabalhando em precárias condições e com baixos salários. Enquanto isso, nossos parlamentares matricularão seus herdeiros nas melhores escolas privadas do Estado, pois como já havia dito “os pais querem o melhor para seus filhos”.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O Golpe Desnecessário

     As eleições estaduais no Amazonas em 2010 revelaram dois políticos sem brilho. De um lado o insosso Alfredo Nascimento (PR) e do outro o subordinado Omar Aziz (PMN).
     Os dois de trajetória parecida, pois foram trazidos para a vida pública através do ex-coronel Amazonino Mendes. A diferença é que o paulista acumulou inúmeros cargos de vice, enquanto que o nordestino foi prefeito e conseguiu a proeza de se transformar em ministro.
     Quando a campanha esquentou, o desesperado potiguar resolveu adotar uma estratégia de repúdio à pedofilia, referindo-se ao suposto envolvimento de seu opositor com os (as) menores de idade. A tática se revelou inútil, pois o candidato do governador teve quase o triplo de votos de Alfredo.
     Com um repertório mais vasto, Omar venceu com facilidade as eleições. É claro, devemos levar em consideração que a insistência do Braga em eleger Aziz teve motivos exclusivamente pessoais, já que em 2014 o caminho fica aberto para o atual coronel do Estado. A possibilidade de engolirmos o ex-governador por mais 8 anos é enorme.
     Eduardo Braga conseguiu o que queria. Elegeu-se com votação recorde, desbancou seu desafeto Artur Neto e pôs no poder um aliado que só pode ficar no Governo por 4 anos. Alguém questiona a popularidade do coronel, principalmente entre os miseráveis e analfabetos funcionais?
     Aliás, a invisibilidade de Omar é tão grande que ele conseguiu ser anulado por sua esposa. A sua companheira, com atitudes assistencialistas, hoje é mais popular que o atual governador.  
     Mas a atitude grotesca da campanha foi um golpe divulgado por Aziz, mesmo quando as pesquisas já o apontavam como governador. Golpe desnecessário, pois a vitória já estava garantida. Divulgar um aumento de 100% aos educadores demonstrou a fraqueza do atual chefe do nosso Estado.
     A debilidade política do atual Governador é tamanha que foi preciso uma mentira descarada contra os professores para ganhar a eleição. Volto a dizer Golpe Desnecessário, pois quando dois insignificantes estão na disputa, o menos pior leva vantagem. Omar Aziz, o menos pior entre os piores.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Poder da Imprensa no Golpe de 1964

     O objetivo deste artigo é analisar o poder que a imprensa exerce junto à sociedade, influenciando as memórias de gerações e incentivando a aceitação de verdades conforme os fins daquele jornal.
     Em 31 de Março de 1964, jornais por todo o Brasil já divulgavam o que estava por vir, o golpe militar um dia depois. No entanto, as notícias desqualificando o governo João Goulart e tratando o desfecho de 1° de abril como um ato revolucionário era visível. O Correio da Manhã, do dia anterior à tomada do poder, estampava a manchete, “O Brasil já sofreu demais com o governo atual. Agora chega”. No Tribuna da Imprensa, da mesma data, publicava, “Os democratas assumem os comandos militares. Rio festeja a demissão” (CAPELATO, 1994, p. 53).
     Nota-se o caráter impactante das notícias e o poder que a imprensa possuía e possui para a construção da memória coletiva de uma dada sociedade. Conforme Gérard Lebrun “a força não significa necessariamente a posse de meios violentos de coerção, mas de meios que permitam influir no comportamento de outra pessoa” (LEBRUN, 2004).
     Marialva Barbosa, por exemplo, em seu Os Donos do Rio, fez um trabalho minucioso de investigação das relações de poder entre os empresários-jornalistas e os governos federal e estadual. As trocas de matérias encomendadas entre jornais e governos eram presentes desde o início da república.
     Então, esses periódicos se auto-constroem em parceria com os governos estabelecidos, possuindo um poder inquestionável, já que terão a função de formar um discurso unificado. Priorizando conteúdos e desprezando outros, esses jornais, estão construindo memórias da sociedade sob determinada ótica.
     O jornalista, ao selecionar certos fatos e relegar outros ao esquecimento, possui o poder do que deve ser explorado ou não na sociedade. Eternizar um momento é domesticar e selecionar a memória. Os jornais, nesse sentido, atuam como senhores da memória, já que escolhem o que deve ser lembrado ou esquecido. Conforme Le Goff, a memória escrita está diretamente ligada a poder.
     O Jornal do Brasil, por exemplo, no início criou-se uma imagem de um periódico popular e destinado a fiscalizar os absurdos do poder, no entanto, ao final do século XIX, assume, nitidamente, uma postura de defensor dos grupos políticos e econômicos que o financiava. Essa função de intermediário dos leitores com o poder público dá ao jornal popularidade e poder, no qual, invariavelmente, os periódicos são procurados pelos poderosos para agir conforme seus interesses.
     Entretanto esta conivência não era gratuita, já no governo Prudente de Morais a troca de favores com os periódicos era freqüente. Havia distribuição de verbas a jornais de confiança do presidente.
     A Gazeta de Notícias recebia mil réis por matéria encomendada. João Lage, de O Paiz, afirmava que a subvenção é uma atividade própria do jornalismo. Entre 1903 e 1905, o empresário obtém, do Banco da República, empréstimos no valor de 1250 contos.
     Em 1911, o Jornal do Brasil conseguiu empréstimos junto ao Banco do Brasil. Campos Sales afirmou que distribuiu, no período, um milhão de contos de réis à grande imprensa carioca. Durante o governo FHC a aliança do governo com a grande imprensa também foi denunciada por estudiosos (LESBAUPIN, 1999). Percebe-se que o caminho de poder e imprensa se entrecruzam. Para Francisco Falcon “História e poder são como irmãos siameses, separá-los é difícil; olhar para um sem perceber a presença do outro é quase impossível” (FALCON, 1997). O poder manifestado na imprensa é um poder persuasivo, onde o convencimento se mostra mais eficaz que a violência.
     Durante as articulações para o golpe de 1964, o convencimento para tal ato estava presente em muitos periódicos, porém junto à persuasão veio a violência. Conforme Foucault, a dominação capitalista não conseguiria tanto êxito se fosse apenas baseada na repressão (FOUCAULT, 1979). Nelson Werneck Sodré, em análise semelhante, afirmava que um grande jornal, hoje, é uma empresa capitalista de grandes proporções. “A dominação se exerce dispensando o uso de força militar, e sim pelo uso da propaganda e do convencimento [...] Quem controla a imprensa e os meios de massa não precisa mais de golpes militares” (SODRÉ, 1999, p. 12-13). O filósofo francês, precursor nesta análise referente às relações de poder, transformou o assunto em regra estabelecida. Hoje, é praticamente inexistente a negação das relações de poder nas diversas esferas da sociedade.
     A partir das influências foucaultianas, a história política deixa de se preocupar apenas com a organização e relações de poder no Estado, para analisar também as relações políticas entre grupos sociais diversos. São essas relações presentes na imprensa, cujos interesses se voltam para analisar uma classe dominante.
     Para Foucault não existe uma teoria geral do poder, ou seja, o poder não é algo que tenha natureza ou essência com características universais. O poder não é global e unitário, e sim uma prática social em constante transformação. Esse poder é caracterizado como micro-poder, pois apesar de não ser o poder estatal, penetra na vida cotidiana do indivíduo, intervindo diretamente e materialmente. O autor não considera o poder uma mercadoria, rejeitando assim o modelo econômico, ou seja, para ele é uma relação de força, onde não há uma disputa que se ganha e se perde, mas uma relação de dominadores e dominados.
     O pesquisador, ao investigar um jornal, procura saber quem são seus proprietários e editores, a quem se dirige e quem quer conquistar (CAPELATO, 1994). Mapeando esses dados, conseguirá um perfil provisório do periódico, pois atualmente os historiadores reconhecem que os fatos são fabricados e não dados. Não abandonaram a busca pela verdade, esta continua sendo o grande objetivo, porém reconhecem que possuem muitas verdades. Capelato indicou Foucault como um dos que revolucionou a análise do documento-jornal como fonte de pesquisa.
     Em 1964 houve inúmeras manobras criadas pelos meios de comunicações para cooptarem todos aqueles que estavam contrários à ditadura. Os assassinatos nos porões dos quartéis eram noticiados como suicídios. Qualquer posicionamento contrário ao regime era rapidamente denegrido pela grande mídia. Já os jornais alternativos foram as grandes vozes que destoavam o discurso estabelecido, que balançavam os alicerces do governo. A sua existência era o que de mais democrático existia na imprensa brasileira.
     Porém, nem só a imprensa nanica sofreu as restrições dos governos militares. Com a imposição do AI-5 muitas redações são invadidas e fechadas. O Última Hora, de Samuel Wainer, perdura até 1971 e A Tribuna da Imprensa sofreu repetidos atos de violência.
     O casamento entre história e teoria é essencial a toda pesquisa historiográfica e sociológica, para que não ocorra uma simples narração. O motivo pelos quais os veículos de comunicações pouco publicaram sobre a morte de Vladimir Herzog, ou sobre a morte do estudante Edson Luís de Lima já demonstrava o posicionamento do jornal.
     Perceba que os inimigos dos militares são sempre retratados como líderes subversivos e perigosos. O Jornal do Commercio estampava a manchete Marighela Teve o Fim Que Procurou (JORNAL DO COMMERCIO, 06/11/1969), ressaltando que sua morte representou uma derrota para o terrorismo. O poder que a imprensa exerce junto à sociedade e a parceria entre empresários jornalistas e governos estabelecidos foram visivelmente demonstrados na história da república do país.
     No âmbito dos veículos de comunicações as organizações de esquerda eram mostradas para a sociedade em geral como grupos terroristas que visavam tomar o poder das forças democráticas. “Vitória não foi do exército, foi do povo”, anunciava o general Olympio Mourão Filho ao Jornal do Commercio do dia 04 de abril de 1964, referindo-se ao golpe, demonstrando o quanto os periódicos amazonenses tendenciaram na divulgação das notícias no período.
     Percebe-se que falar em democracia em um país onde grandes empresas jornalísticas possuem amplos tentáculos com o poder político é um tanto contraditório. Durante o período militar os valores democráticos foram postos à margem da sociedade, no qual não só as classes populares foram prejudicadas, como também uma parcela das classes conservadoras que não concordavam com o autoritarismo dos militares.
     A agressão à democracia era constante no Estado Autoritário. Naquela época havia muitas vozes que eram caladas pelas torturas e pelo medo, hoje essas vozes foram silenciadas por um grupo político que transforma a mídia num aparelho unilateral, onde as discussões que põem em cheque este Brasil neoliberal são tiradas do ar em prol da imagem de um país que não existe.
     De acordo com Gramsci é este, de fato, o papel do jornalista. Um executor do grupo dominante, mediando suas ações, divulgando-as e buscando, principalmente, o consenso e o apoio espontâneo da população.
     Segundo Maria Helena Capelato “desde os seus primórdios, a imprensa se impôs como uma força política. Os governos e os poderosos sempre utilizam e temem; por isso adulam, vigiam, controlam e punem os jornais” (CAPELATO, 1994, p. 13). A Revolução faz ressurgir um Brasil mais autêntico e liberto (JORNAL DO COMMERCIO, 10/04/1964), enfatizava Plínio Coelho no Amazonas, ao se pronunciar sobre o golpe. Exército consolida a revolução democrática, exaltava o mesmo jornal (JORNAL DO COMMERCIO, 03/04/1964).
     Nota-se que o jornal usa, insistentemente, o termo revolução, a fim de caracterizar o ato anticonstitucional como democrático, assim como demonstrar para o leitor que aquele episódio era inevitável para a construção de um país livre e democrático. 
     Para Flávio Aguiar a grande lição que os golpistas tiveram após o episódio de 1961, era que dessa vez tinham que neutralizar qualquer tipo de oposição na imprensa, para que se divulgasse o ideal de Brasil que lhes fosse interessante. Daí os inúmeros mecanismos criados pelos militares para controlarem os veículos de comunicações. Controlando a notícia, dominava também a memória da população civil, penetrando e impondo um ideal.
     Tudo que foi exposto sobre a história da imprensa no Brasil, só nos mostra o quanto esta foi e é pragmática. Toda a grande imprensa, seja jornal, revista, televisão ou rádio, está compromissada com a classe dominante. A manutenção do poder estabelecido é o seu objetivo, sendo assim não se pode classificar este contexto como democrático. Durante a década de 1960 o eixo a ser combatido pelos militares, como enfatizava a grande imprensa, era o governo João Goulart, que se distanciava das estruturas político-econômicas vigentes no país, defendendo e propondo a reforma agrária e a nacionalização de empresas internacionais. Apenas com o endurecimento da repressão apareceram outras vozes discordantes desta conjuntura. Os jornalistas passaram a atuar clandestinamente para combater a ditadura. Setores da igreja aliavam-se aos revolucionários, onde, posteriormente, será uma das alas que formarão o PT. Atualmente, essa que era a grande voz da oposição, reforça o discurso das elites brasileiras, entoadas por toda a imprensa neoliberal.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Consolidação Neoliberal no Brasil


O capitalismo no Brasil sempre esteve presente como sistema político predominante. Num primeiro momento predominando o nacional-estatismo, porém sem o bem estar social preconizado por Keynes, e posteriormente um capitalismo transnacional, iniciado na década de 1990 durante o governo Fernando Collor de Melo. Vale lembrar que mesmo nacionalista, o capital estrangeiro nunca esteve desligado da economia deste país, pelo contrário, caso fosse para somar ao desenvolvimento da nação a parceria era sempre bem vinda.
Guido Mantega, hoje ministro da economia, fez um excelente trabalho sobre as teorias e modelos econômicos que atuaram no Brasil a partir de 1930. A teoria desenvolvimentista é retratada em “A Economia Política Brasileira”, onde o surgimento da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) na década seguinte tornar-se-á o principal baluarte da industrialização no país.
Vale ressaltar que, naquele momento, a necessidade de um surto industrial no Brasil era unânime até mesmo entre os esquerdistas, já que segundo o PCB para se chegar ao socialismo era preciso o desenvolvimento das instituições burguesas, pois viam o país como arcaico, onde ainda prevaleciam relações feudais.
As interpretações equivocadas dos partidos de esquerda contribuíram para esta visão deturpada da realidade brasileira, onde Leandro Konder em sua “A Derrota da Dialética” nos ajudará a compreendê-las. A metodologia do comunismo stalinista foi um duro golpe nas ideias marxistas por todo o mundo. O PCB não só aceitou esta conjuntura, como também abandonou a via revolucionária para chegar ao poder. A conciliação de classe tornou-se mais plausível.
Intervencionistas e liberais sempre comandaram a economia e a política deste país, onde durante a década de 1990, os segundos entraram com mais eficácia nesta disputa e permaneceram como modelo econômico vigente até os dias atuais. A análise do porque desta permanência possibilita a explicação da atual situação do Brasil neoliberal. Ivo Lesbaupin organizou um livro, “O Desmonte da Nação”, no qual diversos estudiosos interpretaram o modelo neoliberal de FHC, sendo de grande valia para a compreensão do governo Lula.
Logo, percebe-se que a consolidação deste modelo é uma realidade que está sendo conduzida com muita precisão pelos petistas. A vitória do neoliberalismo no Brasil serve para explicar a falência econômica, política, social e cultural da classe trabalhadora que alienada e preocupada com a sobrevivência deixa as principais decisões do país nas mãos de usurpadores e corruptos.
A mudança nos objetivos dos homens que praticam política também é um reflexo deste modelo vigente hoje neste país. A luta por um Brasil mais decente e democrático, tanto no sentido político, quanto no sentido econômico, visando uma melhor distribuição de renda, foi substituída por anseios pessoais. Um carro importado, uma gorda conta bancária, uma alta posição no Governo cooptou aqueles antigos lutadores de nossa sociedade. Veja o exemplo daqueles opositores da ditadura que atualmente são os mais eficazes inimigos da classe trabalhadora.
O PCB da década de 1930 interpretou erroneamente um Brasil semi-feudal e dominado pelo imperialismo sem a possibilidade de uma revolução socialista, sendo necessário o desenvolvimento capitalista para se chegar ao socialismo, num modelo denominado por Guido Mantega de “democrático-burguês”.
Atualmente não há mais como haver erro de interpretação da realidade brasileira. As condições miseráveis, devido a esse modelo econômico, estão visivelmente esboçadas. O que dificulta uma possível mudança é o analfabetismo funcional presente na população brasileira. Emir Sader classifica como o “novo analfabetismo”, no qual a mídia associada a esse modelo neoliberal contribui para a inércia da classe trabalhadora, manipulando informações de cunhos principalmente quantitativos, desprezando a boa qualidade.
Segundo Armando Boito Júnior o Brasil nunca viveu um estado de bem estar social. Portanto a política desenvolvimentista das décadas de 1950-60 se concretizou em torno de um Estado onde esta incipiente burguesia industrial pouco realizou para a melhoria da classe trabalhadora. Apesar da CLT conseguir atender a esses anseios, Vargas minou qualquer aproximação dos socialistas aos proletários, através de sua política sindical corporativista e atreladora.
Conforme Ivo Lesbaupin o neoliberalismo é um fenômeno interior, determinados pelos governos locais. Portanto privatizar essa ou aquela empresa estatal é um desejo dos grupos políticos que estão no poder.
Dizer que o neoliberalismo é inevitável e invencível é uma falácia. O mito que se deve quebrar com relação a este modelo político-econômico é o do crescimento. A imprensa sempre atuou e atua como divulgadora e aliciadora desses índices, cujos gastos públicos são suprimidos e a classe trabalhadora é a mais prejudicada, através de baixos salários e excessiva jornada de trabalho. Esse tal crescimento não é acompanhado de um desenvolvimento, pois os ricos ficam milionários e os pobres se aproximam da miséria.
O Governo e a Imprensa sempre propalaram um crescimento econômico desde a época de FHC, porém esta melhora não é sentida pela maioria da população, fazendo uma clara referência ao milagre econômico do Regime Militar. Nas palavras de Delfim Neto “vamos fazer o bolo crescer para depois reparti-lo”. No entanto apenas uma minoria participa deste aniversário, pois este mesmo bolo é sempre degustado por Multinacionais e Banqueiros.
Essa doutrina neoliberal, que mais parece a doutrina da predestinação calvinista do século XVI, onde só os ricos são os escolhidos e os pobres se encontram nesta situação por serem incompetentes, incapazes e desprezados por Deus está em pleno vigor neste momento. Vemos, constantemente, que na história nada é vitalício. A eterna luta de classes que movem essas mudanças está em vigor. Resta saber até quando os mais explorados neste sistema continuarão inertes. Sabemos que a luta é árdua e pela atual conjuntura bastante duradoura. A educação pífia, a saúde precária e a miséria dos trabalhadores é a realidade atual. A mudança virá. Resta saber em que dia, ano ou século. No governo Dilma, jamais.  
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