domingo, 12 de outubro de 2014

Amazônia na Segunda Metade do Século XVIII e Capitania de São José do Rio Negro

Amazônia na Segunda Metade do Século XVIII

1. Portugal na Primeira Metade do Século XVIII
* País atrasado e dominado por sacerdotes
* 1750: clero possuía 200000 membros (população menos de 3 milhões)
* 1780: Portugal possuía 538 conventos e mosteiros
* Em 1761 ainda se queimava pessoas fogueira

2. Dependência Econômica
* Os portugueses dependiam das matérias-primas e produtos tropicais oriundos do Brasil
* No século XVIII essa dependência aumentou com a descoberta do ouro no Brasil, porém esses recursos serviam para as suntuosas obras da igreja católica e para pagar as inúmeras dívidas que a Coroa Portuguesa possuía
* Inglaterra: beneficiava-se com a situação econômica dependente de Portugal
* o ouro brasileiro proporcionou os meios para que os ingleses criassem uma poderosa marinha, estimulasse o desenvolvimento industrial e fomentasse a agricultura
* o mercado consumidor português era um lucrativo escoadouro para os produtos industrializados ingleses
* Tratado de Methuen (1703): acordo assinado entre Portugal e Inglaterra que estabelecia que ingleses comprariam o vinho português, enquanto estes comprariam tecidos ingleses.
- prejudicou a economia portuguesa porque enfraqueceu a indústria nacional e promoveu o escoamento do ouro do Brasil para Inglaterra

3. Reformas Pombalinas
* Reinado de D. José I (1750-1777)
* Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal)
* promoveu uma ampla modernização nas instituições sociais, políticas e culturais até então influenciadas pela Igreja Católica
* A política mercantilista, colocada em pratica por Pombal ao longo das décadas e, que exerceu o poder (1750-1777), deixou marcas profundas e duradouras nas áreas coloniais do Império português.
* A Amazônia a partir dessas reformas passou a ingressar mais efetivamente no espaço político econômico português e a receber intervenção direta do governo.
* Criação da Cia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão
- Objetivo: introduzir escravos africanos na região, dinamizar a agricultura e o comércio, promover o povoamento da região.
* Expulsão dos jesuítas e redistribuição de suas propriedades entre militares e particulares
* Proibiu o recrutamento indígena: índios passaram a ser livres e com os mesmos direitos dos brancos
* As antigas missões foram transformadas em vilas
* Lei 03/09/1755: expulsão dos jesuítas de todos os domínios portugueses

4. Governo Mendonça Furtado (1751-1759)
* Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700-1769) foi nomeado governador e capitão-general do Estado do Grão Pará e Maranhão em 5 de junho de 1751.
* Filosofia iluminista: reconheceu os índios como livres, com os mesmos direitos dos brancos
* Economia: diversificou a economia local
* A Cia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) incentivou o tráfico de escravos africanos, introduziu o arroz branco, o cultivo do café, do tabaco, do açúcar e do anil.
* Impulsionou a tiragem de madeiras e de drogas do sertão, o que concorreu para a inserção da Amazônia no comercio atlântico.
* 13/01/1750: Tratado de Madri
- Anulou o tratado de Tordesilhas
- Definiu fronteiras, confirmando a Amazônia como território português.
* 1756: Borba (primeira vila da recém criada Capitania do Rio Negro)
* Revolta do Marié (1755): Conflito entre índios e portugueses por ocasião de uma operação de descimento
* Rebelião dos Índios de Manaus (1757): Levante em 3 povoações da região que foi sufocada por tropas militares

5. Diretório dos Índios     
* Idealizado por Francisco Xavier de Mendonça Furtado
* Propõe alterações profundas na política indigenista na Amazônia
* Aplica e regulamenta a liberdade dos índios
* Uso da língua materna ou língua geral era proibido.
- Obrigatório o uso da língua portuguesa
- Uso de sobrenomes portugueses
- Moradias e vestimentas ao estilo dos brancos
* 1798: Fim do Diretório (governador D. Francisco de Souza Coutinho)

6. Queda de Pombal
* 24/02/1777: morte do rei D. José I
* Resultado: queda de Pombal (1779-1780)
* Viradeira: denúncias de fraude, corrupção e abuso de poder que levou Pombal a responder um longo processo judicial
* 1781: D. Maria I decidiu encerrar o processo, mesmo afirmando que o ex-ministro merecia punição exemplar
* 1782: morte de Sebastião José de Carvalho e Melo

7. Milícias de Trabalhadores Indígenas (1798)
* Refirmava-se a liberdade dos índios e o desejo de sua Majestade de que essas populações fossem consideradas iguais aos seus vassalos brancos e livres.

8. Serviço Real e os Índios Aldeados
* No caso dos índios aldeados, coube aos juízes e às câmaras a responsabilidade pelo controle e administração das populações indígenas aldeadas
- Aos juízes caberia a feitura da listagem de mão-de-obra e sua distribuição
- Estariam isentos dessa distribuição aqueles índios que possuíssem estabelecimentos próprios e pudessem pagar um dízimo pelas suas atividades produtivas
* Carta Régia de 1798 criou os Corpos de Milícias e o Corpo Efetivo de Índios
- Corpos de Milícias: Os trabalhadores necessários para o Serviço Real e Particulares seria alistada das populações aldeadas
- Corpo Efetivo de Índios: Índios aldeados, Pretos Forros e Mestiços seriam destinados ao trabalho a uma parte do ano

9. Particulares e os Índios Tribais
* Quanto aos índios não aldeados a Coroa Portuguesa proibiu a guerra ofensiva e os descimentos
* Ajuste Particular: Os moradores teriam autorização para recrutar nas povoações índios não aldeados para seu serviço particular
- Na prática a proibição dos descimentos foi letra morta

10. Nada Mudou para os Índios
* A Carta Régis de 1798 estabeleceu o livre comércio dos brancos com os índios
* Também tornou livre a exploração dos recursos naturais em terras indígenas e sua ocupação por moradores brancos
* Lei Ambígua: Proibia a guerra e os descimentos, em contrapartida garantia o uso de sua mão-de-obra por particulares
* José Ribamar Bessa Freire: Durante os últimos 20 anos de vigência do colonialismo português, sobretudo a partir de 1808, as sutilezas desapareceram do discurso oficial, cedendo lugar a uma linguagem dura, que correspondia às declarações abertas de guerra aos índios do Brasil e da Amazônia.
* João Lúcio de Azevedo: “Não se requer extrema agudeza para compreender que semelhante organização não poderia favorecer a liberdade. O diploma da rainha mudava o estatuto legal, mas não alterava a situação dos índios”.
    
Capitania de São José do Rio Negro

1. Implantação da Capitania
* Francisco Xavier de Mendonça Furtado (governador e capitão-general do Grão-Pará e Maranhão) insistia na criação de um novo governo na Amazônia
- Justificativa: Distância, que fazia com que as providências chegassem sempre tarde; Facilitar a vida política e econômica da população; Favorecer a civilização dos índios
- O governador queria acompanhar de perto a ação dos missionários (jesuítas), que eram suspeitos de agirem contrários aos interesses da Coroa Portuguesa
* A Capitania de São José do Rio Negro foi criada pela Carta Régia de 3 de Março de 1755
- Capital: São José do Javari
- Primeiro Governador: Joaquim de Melo e Póvoas (1758)
* Antigos aldeamentos missionários tornaram-se Vilas ou Lugares
- Missão de Nossa Senhora da Conceição de Mariuá: Vila de Barcelos
- Missão de Trocano: Vila de Borba

2. De Mariuá a Barcelos
* Executadas obras de infraestrutura
- Pontes ligando bairros, Arruamento, Praças, Aterramentos de áreas alagadiças
* 1757: 2000 habitantes
* 1758: Passou a se chamar Barcelos
* Barcelos ficou como sede da Capitania do Rio Negro até 1791
- O governador Manuel Lobo D’ Almada transferiu para a Barra do Rio Negro
- 1798: Barcelos voltou a ser sede
- 1808: A sede transferiu-se definitivamente para a Barra do Rio Negro
* 1669: Fortaleza da Barra do Rio Negro

3. Economia e Sociedade
* Extrativismo Vegetal: Drogas do Sertão (exclusiva para exportação)
- Madeiras, Cravo, cacau, baunilha, salsaparrilha, óleos, ervas
* Agricultura: Café, tabaco, anil, algodão, cacau, arroz, milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca (consumo interno)
- Café e anil: Excedentes erram exportados para Belém ou Lisboa
* Motivos da Débil Agricultura na Região
- Hostilidade dos índios tribais (Muras e Mundurucus)
- Carência de mão-de-obra indígena aldeada
- Mão-de-obra aplicada na coleta das drogas do sertão
* Primeiros ensaios de criação de gado bovino em Rio Branco
* Manufaturas: Produção de manteiga de banha e ovos de tartaruga do Solimões; Indústria têxtil em Barcelos; Olarias; Feituras de Cuias e Redes; Produção de Aguardente e Farinha de Mandioca
* Essas atividades não tornavam a Capitania autossuficiente
- Comércio em larga escala envolvendo a Capitania, Belém e Lisboa
- Importavam sabão, algodão, aguardentes e comestíveis

4. Índios, Negros e Brancos
* Índios: Maioria da população
- Índios aldeados que eram considerados livres pelas leis pombalinas
* Negros: Escravos e descendentes vindos da Costa da África, Cabo Verde e Angola
* Brancos: Ex-soldados que vieram com as Comissões de Demarcações
- Alguns casaram com índias e aproveitaram os benefícios que o Governo Português concedia
* 1760: 5 mil habitantes
* 1796: 14232 habitantes

5. Demarcações dos Limites da Amazônia Portuguesa
* De acordo com o Tratado de Tordesilhas (1494) a maior parte da Amazônia pertencia à Espanha
* União Ibérica (1580-1640): Portugueses penetravam na Amazônia
* Expedição de Pedro Teixeira (1637-1639): Chegou a Quito viajando pela calha central da Amazônia
- Tomou posse da região pela Coroa Portuguesa
* 1736: Já tinham invadido e conquistado quase todo o imenso território amazônico
* Tratado de Madri (1750)
-  Reconheceu a soberania do Governo Espanhol sobre a colônia de Sacramento e sobre a margem do Rio Prata
- Reconheceu a posse da Amazônia e de Mato Grosso para Portugal

6. Expedição das Demarcações
* Para essa tarefa Portugal contratou engenheiros, cartógrafos, desenhadores, astrônomos, matemáticos na Itália e Alemanha
- A esses se juntaram portugueses (comissão de alto nível)
* As demarcações dos limites foram demoradas
- Motivos: Conflito com jesuítas (eram contra as demarcações), Guerras intertribais (dificultava o acesso em algumas áreas), Demora na chegada dos demarcadores espanhóis
* As disputas, má vontade e rivalidades entre os demarcadores portugueses e espanhóis anularam o Tratado de Madri
* Tratado de Santo Ildefonso (1777): Reconhecia os limites estabelecidos no Tratado de Madri
* Rivalidades entre espanhóis e portugueses continuaram
- Tabatinga, pelo Tratado, ficaria sob o domínio espanhol, mas os portugueses se recusaram a entregá-la aos espanhóis

7. Viagem Filosófica
* Alexandre Rodrigues Ferreira elaborou memórias sobre a fauna, flora e mineralogia da região
- Fez descrições das etnias existentes na Amazônia
* Parte desse acervo amazônico foi disperso quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal
* O material de pesquisa de Alexandre Rodrigues encontra-se atualmente no Museu Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra e na Biblioteca Nacional (RJ)









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