Todo dia 7 de setembro comemoramos a independência do Brasil. Esta
ocorreu em 1822, mas as articulações para o acontecimento se acirraram,
principalmente após a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808,
pois com a chegada dos nobres lusitanos a colônia brasileira passou a ter mais
autonomia.
As explicações para essa autonomia giram em torno da dependência
política e econômica que os portugueses tinham com os ingleses. Com o intuito
de não perderem sua parceria comercial com a Inglaterra, D. João e sua turma
resolveram se alojar em sua principal colônia, já que os franceses os
pressionavam após o Bloqueio Continental. Foi assim que a família real
portuguesa, junto com mais ou menos 15 mil nobres, fugiu para o Brasil. A
partir daí, o cotidiano e a vida política e econômica tupiniquim iriam mudar.
Agora o povo da colônia tinha que aprender a se comportar perante uma
família de nobres. Outra mudança foi a presença inglesa em nossa economia e nos
rumos políticos do Brasil. Os ingleses passaram a ser os maiores beneficiados
após os Tratados de 1810 e a Abertura dos Portos às Nações amigas. Afinal, os
britânicos financiaram e apoiaram a vinda dos portugueses para cá. Acham que
seriam de graça? Algo queriam em troca não acham? Vamos relembrar o contexto
histórico do período.
A revolução francesa mudou os rumos políticos da Europa durante o século
XIX. O exército napoleônico invadia países ainda regidos pelo Antigo Regime e
impunha os valores liberais e burgueses. Porém, os ingleses possuíam uma
marinha poderosa e uma posição geográfica privilegiada, dificultando a
penetração dos inimigos.
Foi aí que Napoleão resolveu golpear a Inglaterra. O Bloqueio
Continental, decretado por Bonaparte, impedia qualquer país Europeu de
comerciar com os ingleses, cujo intuito era sufocar economicamente seu
oponente.
Então, o objetivo dos ingleses em apoiar a ida dos portugueses ao Brasil
era simples. Visavam explorar economicamente a colônia de Portugal. Despejar
seus produtos industrializados, favorecimento fiscal e matéria-prima abundante
foram algumas das benesses que os britânicos receberam neste contexto.
Durante toda a história do Brasil fizemos um papel de colônia. Primeiro
pelos portugueses, depois pelos ingleses e agora somos alvo de multinacionais e
banqueiros internacionais. Infelizmente, continuamos a padecer desse mal. A
autonomia de fato está longe de acontecer devido às imposições do
neoliberalismo. Somente com uma política séria, compromissada com as questões
sociais poderíamos vislumbrar uma mudança a médio ou longo prazo.
Num país que viveu sob o autoritarismo durante tanto tempo ainda não se
acostumou com a democracia, porém a união dos três poderes impede qualquer
reação das massas no Brasil, pois o corporativismo favorece as elites políticas
desse país, portanto o que nos resta?
Mesmo
pagando impostos exorbitantes no Brasil, seus conterrâneos participam de forma
inibida das decisões políticas do país. O sistema de saúde carece de enormes
reformulações, já que não atende adequadamente a maioria da população. A
minoria, que possui recursos financeiros, migra para o sistema privado, onde
enfrentam inúmeros problemas, dependendo do plano. O sistema educacional é
vergonhoso. Há anos que o país acumula insucessos nos diversos exames e mesmo
assim as autoridades (in)competentes não enxergam que para promover o real
desenvolvimento de uma nação é necessário investir em educação, para não se
tornar dependente de países que exportam tecnologia. Enquanto isso escândalos de
corrupção se proliferam e os poderes executivo, legislativo e judiciário atuam
de comum acordo para a manutenção das instituições vigentes. O que há de
democrático nisso tudo? É esperar pra ver o desenvolvimento dessa nossa
(in)dependência.