sábado, 12 de outubro de 2013

O Futebol Brasileiro em Concordata


     No Brasil o que mais se discute no âmbito da política são a corrupção e a impunidade que contamina historicamente o nosso país. Os quatro poderes se protegem mutuamente, incluindo a imprensa, e desfazer esse círculo vicioso seria um dos grandes feitos da sociedade civil.
     São escândalos se avolumando por todo país, onde a Lei da Ficha Limpa parece ser letra morta. Nossos governantes criam a vontade cargos comissionados, onerando os cofres públicos; nomeiam pessoas de sua confiança para lhes fiscalizar; a DRU é um absurdo que não se discute sua legitimidade e as obras superfaturadas estão por toda parte sem nenhuma ação eficaz dos órgãos fiscalizadores.
     Infelizmente no futebol acontece o mesmo. Presidentes de federações se perpetuam no poder sem nenhum senso crítico da imprensa (em sua maioria), a Copa do Mundo no Brasil é festejada como se o acontecimento servisse para melhorar o status social do nosso país e a principal entidade que rege esse esporte está mergulhada em escândalos de corrupção, demonstrando que a impunidade está presente não só na política nacional.
     O jornalista e historiador Lúcio de Castro dos canais ESPN fez uma reportagem investigativa um tanto perturbadora. Cláudio Honigman, que era (ou é) parceiro de Riccardo Teixeira e Sandro Rosell, foi recebido “com horas” pela ministra da Casa Civil Gleisi Hofmann no dia 21 de agosto.
     Cláudio Honigman comandava os negócios da seleção brasileira na época de Ricardo Teixeira, oferecendo serviços em nome de sua empresa 100% Marketing. O cidadão citado tem seu nome envolvido em diversos escândalos que vai desde a prisão decretada por falta de pagamento de pensão alimentícia (10/10/10) à organização fraudulenta de amistoso da seleção canarinho (contra Portugal no dia 19/11/08).
     Honigman teve acesso ao Gabinete da Casa Civil apresentando-se como presidente do Banco Mizuho no Brasil, porém a assessoria da instituição financeira negou que o brasileiro o representasse[1].
     Por que alguém com caráter tão duvidoso teria livre acesso aos corredores da Casa Civil? O que este indivíduo poderia acrescentar ao Governo Federal? São perguntas que precisam ser respondidas, no entanto não teremos a colaboração da grande imprensa.
     A construção dos estádios para a Copa 2014 é mais um assunto delicado referente ao futebol brasileiro. A grande mídia trata de desqualificar qualquer crítica que envolve a construção das Arenas e os valores insensatos de alguns nem são contestados, muito menos investigados.
     O futebol brasileiro saiu das mãos dos clubes e o torcedor é o mais prejudicado nessa conjuntura, pois as novas Arenas são espaços para poucos. Os maiores beneficiados são as construtoras, as empreiteiras e os tais “consórcios”. Maracanã e Mineirão, só para citar os principais, deixaram de ser dos clubes, pois houve privatizações com dinheiro público. O Estado arca com 4x e vende por x. Sou péssimo em matemática, mas até eu entendi essa conta. Quanto absurdo no país da Copa!
     Já escrevi em outro artigo sobre a sordidez que são os valores desses estádios, portanto não serei repetitivo. Mas o inconformismo não está ausente como pensavam as elites do Brasil. As manifestações foram a prova de que o povo descontente será a mola propulsora para a mudança. Substituir lideranças no poder não é suficiente, pois a estrutura permanece. Um exemplo é a troca do Teixeira pelo Marín.
      Portanto será que um insucesso da nossa seleção na Copa não seria saudável para alavancar a moralização e a organização do futebol brasileiro? Quem sabe!  

   

    

 

 

 

    



[1] Ver mais a respeito no Blog do Lúcio de Castro www.espn.com.br/blogs/luciodecastro.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Legado da Copa 2014


     Na segunda-feira (08/04/2013) o ministro dos Esportes Aldo Rabelo (PC do B) foi o convidado do programa Roda Viva da TV Cultura. Os ânimos se acirraram quando o comentarista dos canais ESPN Mauro Cézar Pereira levantou algumas questões pertinentes, gerando revolta em certas cidades. Com muita propriedade e competência os jornalistas da emissora citada aliam os assuntos esportivos aos políticos, nos quais os torcedores brasileiros não estão acostumados com essa metodologia de transmissão.
     Os torcedores adoram ouvir o que lhes é conveniente e é isso que faz a maioria dos canais esportivos do país. Discutir o ônus que essa Copa trará para a população não está no roteiro dessas emissoras, que, muitas vezes, são subsidiadas pelos promotores desses eventos.
     O amazonense não deve se ofender com as declarações de Mauro Cézar, mesmo porque sabemos que nós amamos futebol. Não tenha dúvida que os jogos na Arena da Amazônia terão grandes públicos e que o estádio será entregue a tempo. Faltando pouco mais de um ano para a Copa, que medidas, referentes à melhoria do futebol local, foi tomada por políticos e empresários que estão se beneficiando com essa obra faraônica? Que obra foi feita pelo governo para melhorar o trânsito e a vida das pessoas em torno do estádio? Vou me adiantar e responder as duas perguntas. Nada foi feito.
     A reforma do Maracanã já beira um bilhão de reais e mesmo assim outras obras serão exigidas para as Olimpíadas. Os estádios de Cuiabá, de Brasília, de Pernambuco e de Manaus serão “elefantes brancos” sim. Arenas dessas envergaduras necessitam de grandes eventos o ano todo para suprir os altos gastos. Mas, como àqueles que estão no poder preferem justificar com evasivas, vamos acreditar que “nossa” Arena da Amazônia servirá para engrandecer nosso futebol. Servirá para sediar os jogos do Peladão. Ou servirá para sediar as apresentações de Garantido e Caprichoso.
     Infelizmente é mais cômodo ouvir os comentários “patrióticos” de Galvão Bueno e sua turma global. É mais cômodo e oportunista acusar Mauro Cézar de preconceituoso. Enfrentar esses problemas e prestar contas com a população não estão nos planos dos promotores da Copa.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Sucateamento de uma Categoria

     Certa vez encontrei um conhecido que não via há anos e este me perguntou o que eu fazia da vida. Disse que era professor, ele, prontamente, com um olhar de penúria, falou-me que admirava esses profissionais que lutavam pelo desenvolvimento de um país. Infelizmente é assim que somos vistos.
     Enquanto a Europa está mergulhada numa crise financeira grandiosa, o Brasil vive um eldorado econômico que não está sendo aproveitado por nossos gestores. Escândalos de corrupção escamoteando dinheiro público se alastram sem nenhuma punição verdadeira e verbas que deviam ser usadas no desenvolvimento do país são alocadas para negócios escusos.
     A história mostra como uma nação pode crescer. Temos muitos exemplos. Cuba, China, Coreia do Sul são apenas alguns modelos que deveríamos seguir no que se refere ao ensino. Esse crescimento só pode ser alcançado com uma educação de qualidade. É um projeto a médio ou longo prazo, porém nenhum governante tem essa iniciativa, pois são imediatistas. Sabem que a mudança pode ocorrer quando não estiverem mais no poder. Este é o retrato do Brasil. Um país governado por corruptos que legislam em causa própria, sem nenhum órgão que barre seus desmandos. Falar em desenvolvimento nessa conjuntura é, no mínimo, hipócrita.
     Parlamentares ganhando 14º e 15º salários e criando aumentos em seus rendimentos que beiram os 100%, cargos comissionados sendo criados para ocuparem vagas de concursados, sem falar na DRU (Desvinculação de Receita da União) são algumas anomalias dessa frágil democracia.
     Enquanto a educação não for tratada da forma que merece, sempre seremos essa colônia dependente. No Amazonas os professores são obrigados a elevarem os números fantasiosos dos nossos alunos analfabetos funcionais; temos uma alta carga horária, impossibilitando um trabalho mais sólido e, para completar, a atual gestão da Secretaria de Educação criou uma prova para reconhecer a promoção por tempo de serviço dos profissionais.
     Além de ilegal, essa prova é uma ingenuidade política. Os valores da promoção são irrisórios. Porque comprar briga com essa categoria tão sucateada? Até quando viveremos nessa ditadura camuflada pelos três poderes?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nossa (In) dependência


     Todo dia 7 de setembro comemoramos a independência do Brasil. Esta ocorreu em 1822, mas as articulações para o acontecimento se acirraram, principalmente após a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, pois com a chegada dos nobres lusitanos a colônia brasileira passou a ter mais autonomia.
     As explicações para essa autonomia giram em torno da dependência política e econômica que os portugueses tinham com os ingleses. Com o intuito de não perderem sua parceria comercial com a Inglaterra, D. João e sua turma resolveram se alojar em sua principal colônia, já que os franceses os pressionavam após o Bloqueio Continental. Foi assim que a família real portuguesa, junto com mais ou menos 15 mil nobres, fugiu para o Brasil. A partir daí, o cotidiano e a vida política e econômica tupiniquim iriam mudar.
     Agora o povo da colônia tinha que aprender a se comportar perante uma família de nobres. Outra mudança foi a presença inglesa em nossa economia e nos rumos políticos do Brasil. Os ingleses passaram a ser os maiores beneficiados após os Tratados de 1810 e a Abertura dos Portos às Nações amigas. Afinal, os britânicos financiaram e apoiaram a vinda dos portugueses para cá. Acham que seriam de graça? Algo queriam em troca não acham? Vamos relembrar o contexto histórico do período.
     A revolução francesa mudou os rumos políticos da Europa durante o século XIX. O exército napoleônico invadia países ainda regidos pelo Antigo Regime e impunha os valores liberais e burgueses. Porém, os ingleses possuíam uma marinha poderosa e uma posição geográfica privilegiada, dificultando a penetração dos inimigos.
     Foi aí que Napoleão resolveu golpear a Inglaterra. O Bloqueio Continental, decretado por Bonaparte, impedia qualquer país Europeu de comerciar com os ingleses, cujo intuito era sufocar economicamente seu oponente.
     Então, o objetivo dos ingleses em apoiar a ida dos portugueses ao Brasil era simples. Visavam explorar economicamente a colônia de Portugal. Despejar seus produtos industrializados, favorecimento fiscal e matéria-prima abundante foram algumas das benesses que os britânicos receberam neste contexto.
     Durante toda a história do Brasil fizemos um papel de colônia. Primeiro pelos portugueses, depois pelos ingleses e agora somos alvo de multinacionais e banqueiros internacionais. Infelizmente, continuamos a padecer desse mal. A autonomia de fato está longe de acontecer devido às imposições do neoliberalismo. Somente com uma política séria, compromissada com as questões sociais poderíamos vislumbrar uma mudança a médio ou longo prazo.
     Num país que viveu sob o autoritarismo durante tanto tempo ainda não se acostumou com a democracia, porém a união dos três poderes impede qualquer reação das massas no Brasil, pois o corporativismo favorece as elites políticas desse país, portanto o que nos resta?
     Mesmo pagando impostos exorbitantes no Brasil, seus conterrâneos participam de forma inibida das decisões políticas do país. O sistema de saúde carece de enormes reformulações, já que não atende adequadamente a maioria da população. A minoria, que possui recursos financeiros, migra para o sistema privado, onde enfrentam inúmeros problemas, dependendo do plano. O sistema educacional é vergonhoso. Há anos que o país acumula insucessos nos diversos exames e mesmo assim as autoridades (in)competentes não enxergam que para promover o real desenvolvimento de uma nação é necessário investir em educação, para não se tornar dependente de países que exportam tecnologia. Enquanto isso escândalos de corrupção se proliferam e os poderes executivo, legislativo e judiciário atuam de comum acordo para a manutenção das instituições vigentes. O que há de democrático nisso tudo? É esperar pra ver o desenvolvimento dessa nossa (in)dependência.



terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pequenos Gestores, Grandes Negócios

     A educação no Brasil vem respirando por aparelhos há tempos. São salas de aula desestruturadas, sem climatização, sem material e recursos didáticos adequados, e, principalmente, com professores desestimulados e estressados, devido aos baixos salários e assédio moral promovido por alguns gestores.
     Além desses problemas, a educação se transformou num espaço eleitoreiro, onde muitos diretores agem para divulgar dados mentirosos do sistema educacional de nosso país. Isso mesmo. As salas de aula viraram fábricas, onde a meta principal é a produtividade. São números. São elevados graus de aprovação, mesmo que tais alunos não estejam aptos a serem aprovados. Muitos não podem nem serem aprovados em exames de fezes, pois são verdadeiros analfabetos.
     Daí vão as perguntas. Por que os professores seguiram com esse aluno? Por que não o reprovaram para poder tentar recuperar algo que se perdeu na série anterior? Por que a escola permitiu isso?
     Doa a quem doer, o objetivo são elevados percentuais de aprovação. Se o aluno não comparece? Invente nota. Se o aluno não faz avaliações? Procure-o. Se o aluno tumultuar, não quiser estudar? Aguente, pois os pais de tais indivíduos são importantes eleitores.
     Nossos alunos já perceberam o paternalismo que é o sistema educacional. São tutelados pelo Estado para serem seus maiores divulgadores de números fantasiosos. Escolas com 80% e 90% de aprovação. Diretores pressionando professores para esses números elevarem. Essa é a realidade de nossa educação.
     A formação do cidadão, a responsabilidade, a qualidade da educação são deixadas de lado em prol de vultosos índices que enganam o telespectador e a sociedade. A mudança desse quadro é difícil. Diria que é impossível, pois requer um conjugado de situações.  
     Investimentos maciços na área, salários compatíveis com um profissional com ensino superior, recursos e materiais abundantes e mudança de postura das secretarias educacionais são medidas que urgem.
     Todos esses escândalos envolvendo morte de alunos e professores refletem o atual momento que vivem os trabalhadores da educação. Vivem temerosos e estressados. Muitos bons colegas já deixaram a área. Outros vão deixar ou já estão deixando. Os piores estão procurando as salas de aula, piorando a qualidade da formação de nossos jovens. Enquanto não houver boa vontade política, a situação tende a piorar, assim logo logo chegaremos à barbárie.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Crise Neoliberal e Sofrimento Humano *

O balanço que faço de 2010 vai ser diferente. Enfatizo um dado pouco referido nas análises: o imenso sofrimento humano, a desestruturação subjetiva especialmente dos assalariados, devido à reorganização econômico-financeira mundial. Há muito que se operou a “grande transformação” (Polaniy), colocando a economia como o eixo articulador de toda a vida social, subordinando a política e anulando a ética. Quando a economia entra em crise, como sucede atualmente, tudo é sacrificado para salvá-la. Penaliza-se toda a sociedade como na Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e mesmo nos USA em nome do saneamento da economia. O que deveria ser meio transforma-se num fim em si mesmo.
Colocado em situação de crise, o sistema neoliberal tende a radicalizar sua lógica e a explorar mais ainda a força de trabalho. Ao invés de mudar de rumo, faz mais do mesmo, colocando pesada cruz sobre as costas dos trabalhadores. Não se trata daquilo relativamente já estudado do “assédio moral”, vale dizer, das humilhações persistentes e prolongadas de trabalhadores e trabalhadoras para subordiná-los, amedrontá-los e, por fim, levá-los a deixar o trabalho. O sofrimento agora é mais generalizado e difuso afetando, ora mais, ora menos, o conjunto dos países centrais. Trata-se de uma espécie de “mal-estar da globalização” em processo de erosão humanística.
Ele se expressa por grave depressão coletiva, destruição do horizonte da esperança, perda da alegria de viver, vontade de sumir do mapa e até, em muitos, de tirar a própria vida. Por causa da crise, as empresas e seus gestores levam a competitividade até a um limite extremo, estipulam metas quase inalcançáveis, infundindo nos trabalhadores angústias, medo e, não raro, síndrome de pânico. Cobra-se tudo deles: entrega incondicional e plena disponibilidade, dilacerando sua subjetividade e destruindo as relações familiares. Estima-se que no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas sofram este tipo de depressão, ligada às sobrecargas do trabalho.
A pesquisadora Margarida Barreto, médica especialista em saúde do trabalho, observou que ano passado, numa pesquisa ouvindo 400 pessoas, que cerca de um quarto delas teve ideias suicidas por causa da excessiva cobrança no trabalho. Continua ela: “é preciso ver a tentativa de tirar a própria vida como uma grande denúncia às condições de trabalho impostas pelo neoliberalismo nas últimas décadas”. Especialmente são afetados os bancários do setor financeiro, altamente especulativo e orientado para a maximalização dos lucros. Uma pesquisa de 2009 feita pelo professor Marcelo Augusto Finazzi Santos, da Universidade de Brasília, apurou que entre 1996 a 2005, a cada 20 dias, um bancário se suicidava, por causa das pressões por metas, excesso de tarefas e pavor do desemprego. Os gestores atuais mostram-se insensíveis ao sofrimento de seus funcionários, acrescentando-lhes ainda mais sofrimento.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de três mil pessoas se suicidam diariamente, muitas delas por causa da abusiva pressão do trabalho. O Le Monde Diplomatique de novembro do corrente ano denunciou que entre os motivos das greves de outubro na França, se achava também o protesto contra o acelerado ritmo de trabalho imposto pelas fábricas causando nervosismo, irritabilidade e ansiedade. Relançou-se a frase 1968 que rezava: “metrô, trabalho, cama”, atualizando-a agora como “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer, doenças letais ou o suicídio como efeito da superexploração capitalista.
Nas análises que se fazem da atual crise, importa incorporar este dado perverso que é o oceano de sofrimento que está sendo imposto à população, sobretudo, aos pobres, no propósito de salvar o sistema econômico, controlado por poucas forças, extremamente fortes, mas desumanas e sem piedade. Uma razão a mais para superá-lo historicamente, além de condená-lo moralmente. Nessa direção caminha a consciência ética da humanidade, bem representada nas várias realizações do Fórum Social Mundial, entre outras.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. Amazonas Em Tempo, Manaus, 28 de Dezembro de 2010.
 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Hipocrisia no País da Copa

     Hipocrisia é o mesmo que fingimento, portanto percebo que esse país está cada dia mais hipócrita. Conforme dados dos governos, tanto Estaduais, quanto no nível federal, educação, saúde, segurança, transporte público estão perfeitas.
     Os veículos de comunicações divulgam a melhoria na educação, o aumento do poder de compra do brasileiro, a melhoria na saúde. O país é mostrado para todos como uma democracia plena, que há a separação dos três poderes, dentre outras falácias. Porém, na realidade a educação só piora a cada ano, pois divulgam números enganosos, onde o objetivo é apenas aprovação e boas notas para os alunos, sem se preocuparem com estrutura física e bons salários para os educadores. Daí o alto índice de analfabetismo funcional em nosso país. Queria ver um político matricular seus filhos numa Escola Pública. Ou obrigarem os parlamentares a frequentarem o SUS.
     O que há no Brasil é uma demagogia sem vergonha, onde os três poderes agem para defenderem seus mútuos interesses. Aquilo que podia ser um instrumento para afastar corruptos da política nacional (Lei da Ficha Limpa) é adiado sob a justificativa de não ferirem a Constituição. Se esses mesmos se preocupassem tanto em não feri-la, talvez ela não estivesse tão abalada.
     Obras superfaturadas, Estádios construídos com dinheiro público, Elefantes Brancos. Esses serão os verdadeiros legados do Mundial para o povo brasileiro. Sem contar no atraso proposital, cujo intuito é elevar ainda mais os valores das obras, já que não há necessidade de licitação.
     Sabemos que a Copa do Mundo é o maior evento esportivo da sociedade atual, mexendo com o coração e o patriotismo de quase todo o planeta. Porém a Copa de 2014 terá uma peculiaridade. A excessiva corrupção. Não que isso seja uma exclusividade do Brasil, no entanto a impunidade, se não é invenção nossa, nós a aperfeiçoamos muito bem.
     Em São Paulo, os organizadores do mundial vão erguer novo Estádio, pois os interesses políticos com o clube dos Bambis não estavam sincronizados. No Rio de Janeiro temos o Estádio mais charmoso e importante do país. Pobre Maracanã. Há menos de três anos fechou as portas para as reformas do Pan. Já foram tantos remendos no ex-maior do mundo que perdi a conta.
     Depois de todo orçamento já aprovado, os cirurgiões do Maracanã resolveram condenar o teto do Estádio, fazendo com que a reforma ultrapassasse um bilhão de reais. Pobre povo brasileiro, bancando tantas obras que não poderão usufruir futuramente. Lembra aquela canção do Zé Ramalho “Tá vendo aquele Estádio moço, eu também trabalhei lá”.
     A situação de Natal é um atentado à inteligência humana. No Rio Grande do Norte temos times como o América e o ABC, que possuem seus próprios Estádios, porém o Governo Potiguar resolveu construir um outro para servir de palco para a Copa. Um verdadeiro Elefante Branco, pois os clubes já afirmaram que não o usarão devido aos altos custos de manutenção.
     Mas o caso mais absurdo e folclórico se encontra em Manaus. O Estádio Vivaldo Lima, antes palco de intensas batalhas entre Nacional e Rio Negro, hoje é o principal cenário do maior Campeonato de Peladas do Mundo. Isso mesmo. Lá se engalfinham o Unidos da Glória, Compensão, Unidos da Alvorada, dentre outros. Não que esses times não sejam importantes para o torneio, mas com todo o respeito, construir um Estádio no valor de R$ 500000,00 (até agora, pois a obra está engatinhando, logo os valores serão maiores) e não investir na alavancada (a médio prazo) do futebol amazonense é brincar com dinheiro público.
     O que está acontecendo no Amazonas é o mesmo que acontece nas 12 sedes da Copa. A preocupação desenfreada em construir, em satisfazer construtoras. A justificativa é sempre a mesma. A Copa servirá para desenvolver a cidade. Veja bem. A última Copa que ocorreu no Brasil foi há 60 anos. Ou seja, esse país do futuro terá que esperar mais 60 anos para se desenvolver? E quem pagará essa conta? Você ainda tem dúvida?
     Logo que a Copa foi definida no Brasil, poucos veículos de comunicações criticaram ou debateram o assunto. A maioria, incluindo todos os canais abertos da televisão brasileira, aplaudiu a escolha.
     Agora, com o Tribunal de Contas de alguns Estados lançando relatórios referentes aos atrasos nas obras, a grande imprensa resolveu divulgar os problemas trazidos pela Copa do Mundo.
     Muita ingenuidade daqueles que se embebedaram com a possibilidade de assistir o Mundial de perto. Este evento não é feito para todos. Uns comemoram com muito dinheiro na conta bancária e outros torcem para comemorar um possível título do Brasil, mas esses vão pagar caro por isso. 

Feudalismo e Absolutismo - Questões Objetivas

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