segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Introdução à História, Colonização da América pelos Europeus e Formação do Estado Brasileiro

Importância da História

     A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo.
     A história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente transformador do mundo.
     Ao estudar a história nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.
     A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados. Ela deve servir como instrumento de conscientização dos homens para a tarefa de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa.
                                                                                      
Introdução ao Estudo da História
1. Importância da História
* Entender o passado para compreender o futuro
* Estudando história percebemos o que foi feito de errado no Brasil e no mundo, e aí poderemos pensar numa maneira de fazer diferente

2. Grupos Sociais
* Conjunto de pessoas que vivem a mesma situação, têm ideias e agem de forma parecida porque acreditam que possuem algo de importante em comum
- Operários, camelôs, intelectuais, aposentados, negros, políticos, etc
- Uma pessoa pode pertencer a vários grupos sociais

3. Homem como ser Social
* Um bebê não nasce falando
* Ele será influenciado pelo grupo social em que vive
* Interesse dos historiadores: Fato Social
- Um homem pega gripe: Irrelevante
- Epidemia de gripe: Fato Social

4. Diferenças Sociais
* Luta de classes (Proletariado versus Burguesia)

5. Aspectos Fundamentais da Sociedade
* Economia
* Ideias Sociais
* Poder Político

6. Estrutura da Sociedade
* Economia: Como os homens se organizam socialmente para trabalhar e sobreviver (trabalho, agricultura, comércio, bancos)
* Ideias Sociais: Ideias que influenciam a sociedade (religião, ciência, filosofia)
* Política: Poder que alguns grupos sociais exercem sobre o restante da população (Estado)


Colonização da América pelos Europeus

1. Grandes Navegações
* Período: A partir do sec XV
* Perigos: Furacões, Doenças, Lendas de viagens sem volta
* Alvo Principal: Alcançar o Oriente (Ásia)
* Burguesia: Nova classe ascendente
* Sec XIV: Peste, Guerras, Falta de Terras
* Sec XV: Revitalização do comércio
- Aproximou a Europa com o Oriente
* Cruzadas (Sec XI-XIII)
- Objetivo: Tomar Jerusalém dos árabes muçulmanos
- Ataques militares ao Oriente Médio
- Saldo: Jerusalém continuou com os muçulmanos / Trocas culturais
- Resultado: Interesse pelos produtos orientais

2. Busca de um Caminho Marítimo
* Italianos: Monopólio do comércio no Mediterrâneo
* Árabes e Italianos: Parceiros comerciais
* Meta: Descobrir um novo caminho para as Índias (Ásia)
- Contornar a África de navio
* Necessidade: Comerciar com o Oriente

3. Pioneirismo Português
* Lisboa: Cidade comercial importante
* Financiadores: Burguesia e Estado
* Portugal: Primeiro Estado absolutista a se formar
- Primeiro país europeu a construir um Estado capaz de apoiar as navegações
* 1415: Invasão de Ceuta (cidade árabe no norte da África)
* Revolução de Avis (1385)
- 1139: Expulsão dos árabes
- Situação: Uns queriam Portugal unida à Espanha / Outros queriam a autonomia do país
- Vitória dos nobres que desejavam o fortalecimento do Rei

4. Navegações Chinesas
* Sec XV: Várias expedições navais através do Oceano Índico (Indonésia, Índia, Egito)
* Perigo: Mongóis e Japoneses ameaçavam as fronteiras chinesas
* Conseqüência: Postura defensiva e abandono das navegações

5. Livro das Maravilhas
* Autor: Marco Polo (1254-1324)
* Comerciante italiano que morou na China
* Descreveu as riquezas, os palácios, a organização do império
* Gerações sonhavam em chegar ao Oriente

6. Colônias na África
* Alvo: Mão-de-obra (escravidão negra)
* Igreja: Maneira de abandonarem as religiões pagãs

7. Queda de Constantinopla
* Hoje Istambul (Turquia): Importante posto comercial
* 1453: Tomada pelos Turcos Otomanos
* Os comerciantes que passavam por lá tinham que pagar pesados impostos ao governo turco
* Outro motivo para os portugueses encontrarem um novo caminho para as Índias pelo oceano

8. Sucessos Lusitanos
* 1488: Bartolomeu Dias
- Desceu a Costa da África e contornou o Cabo da Boa Esperança (Cabo das Tormentas)
* 1498: Vasco da Gama
- Alcançou a Índia
- Lucro: 6000% (ganhou 60 vezes mais do que gastou)
* Resultado: Duro golpe no comércio árabe – italiano

9. Cristóvão Colombo
* Navegador italiano a serviço dos reis espanhóis
* Fascinado pela obra de Marco Polo
* Teoria: Chegaria ao Oriente navegando para o Ocidente (teoria correta, porém no meio do caminho esbarrou num novo continente)
* Colombo morreu pensando ter chegado à Ásia (O cartógrafo Américo Vespúcio provou que ele havia descoberto um novo continente)
* Duarte Pacheco: Navegador lusitano que possivelmente esteve no Brasil no final do sec XV

10. Tratado de Tordesilhas (1494)
* Eu desconheço o testamento de Adão que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha
Que Colombo que Nada
11. Viagem Chinesa
* 2002: Gavin Menzies (inglês)
- Obra: 1421 – O Ano em que a China Descobriu o Mundo
- Defende a tese de que os primeiros navios a chegar à América foram do almirante Zheng He
- 05.03.1421: Partiu em uma viagem que duraria 2 anos
- Objetivo: Demonstrar o poderio e a sofisticação da civilização chinesa
- Pensava-se que a viagem tinha se restringido ao Oceano Índico
- Evidência: Mapa do almirante turco Piri Reis mostra a Antártida que ainda não fora descoberta pelos europeus
* Betty Meggers
- Estudos do contato entre América e Ásia
- Semelhanças: Arquitetura, tecnologia, cultura
- Indícios sugerem contato entre os Olmecas (México) e os chineses entre os Sec XIII e IX a.C

12. Outras Teorias
* Fenícios: Teriam vindo por volta do ano 1000 a.C
* Árabes: A evidência é o mapa de Piri Reis
* Cartagineses: Moedas sugerem que por volta do Sec IV eles já conheciam a costa da América do Norte

13. Sede de Ouro
* Espanhóis declararam guerra aos Impérios Inca e Asteca
* Motivo: Riquezas (ouro e prata)
* Indígenas: Possuíam pesadas espadas de bronze
* Europeus: Possuíam canhões, Espadas de aço e cavalos
* Outros motivos da derrota dos índios foram
- Doenças que os espanhóis trouxeram da Europa (sarampo, gripe, varíola)
- Apoio que os espanhóis receberam dos povos indígenas rebelados
* No final os índios foram massacrados
* Barbaridades
- Cortavam as mãos dos índios que não traziam riquezas suficientes
- Apostavam quem adivinhasse o sexo da criança na barriga da índia / Enfiavam a espada no ventre das índias e o rasgavam até o feto sair
O Início da Colonização
14. Período Pré-Colonial
* Período: 1500-1532
* O Brasil servia de escala para os navios que iam às Índias
- Paravam para pegar água, comida, consertar avarias
* Feitorias: Pequenas bases militares com soldados que guardavam alimentos, munições e ferramentas
* Interesses: Aves Raras, Peles de Onças e Pau-brasil
* Conflito: Portugueses versus Corsários Ingleses, Holandeses e Franceses

15. Preconceito Etnocêntrico
* Maneira limitada de enxergar a realidade

16. Início da Colonização
* Motivos: Medo de perder a posse da terra para os corsários e a Busca de novos negócios
- Perda do Monopólio: Holanda, França e Inglaterra sabiam chegar às Índias
* 1532: Expedição de Martin Afonso de Sousa trouxe centenas de portugueses para viverem no Brasil
* Primeira cidade portuguesa no Brasil: São Vicente
17. Capitanias Hereditárias (1534)
* Capitães Donatários: Nobres portugueses que ganhavam pedaços de terra no Brasil (fundar Vilas)
* Objetivo: Colonizar a colônia (povoar)
* Obrigações: Propagar a fé cristã e defender a terra
* Problema: Alguns colonos tomaram as terras dos índios e tentaram escravizá-los / Os índios reagiam matando os colonos
* Capitanias que prosperaram: São Vicente e Pernambuco

18. Governos Gerais (1548-1808)
* Centralização do Poder: Autoridade portuguesa na colônia
* Primeiro governador geral: Tomé de Sousa (1549)
* Ouvidor-Mor: Justiça
* Capitão-Mor: Defesa
* Provedor-Mor: Finanças

19. Câmaras Municipais
* Espécie de prefeitura
* O verdadeiro poder concentrou-se nas mãos dos latifundiários, cujos interesses eram representados e defendidos pelos vereadores
* Os vereadores eram escolhidos entre os Homens Bons (homens ricos que não fossem judeus ou negros) para que as decisões fossem tomadas de acordo com os interesses dos Grandes Senhores

Formação do Estado Brasileiro
1. Crise na Colônia 
* Brasil: Principal colônia de Portugal
* Portugal: Não possuía mais poder econômico
- Encontrava-se em grande crise
* Saída: Novos impostos e Controle sobre o Brasil
* Conseqüência: Descontentamentos
- Até mesmo os colonos ricos estavam descontentes

2. Revoltas que Não Ocorreram
* Inconfidência Carioca (1794)
- Foram presos apenas porque tinham livros considerados perigosos (iluministas)
- Debatiam ideias iluministas
* Conspiração de Suassuna (1801)
- Propuseram uma rebelião, mas foram denunciados e presos
* Nas duas revoltas os envolvidos ficaram pouco tempo presos, pois eram homens ricos

3. Inconfidência Mineira (1789)
* A metrópole determinou que a colônia deveria pagar, todos os anos, 100 arroubas de ouro puro
- Impostos anuais: 1,5 toneladas
* No final do século XVIII sempre era pago apenas uma parte do imposto
- Motivo: Não existia mais tanto ouro
- Medo: Derrama
* Propostas: Criação de Manufaturas / Universidade em Vila Rica
* Escravidão (continuava)
* Participantes: Elite Mineira
* Ideia e Influência: Iluminismo e Independência dos EUA
* Tiradentes: Divulgador das Propostas dos Rebeldes
* Deflagração do Movimento: Cobrança da Derrama
* Traidores: Joaquim Silvério dos Reis
- Denunciou o movimento em troca de perdão de suas dívidas
* Morte de Tiradentes: Exemplo para o povo
* Elite: Exílio, Confisco de Bens e Morte
4. Conjuração Baiana (1798)
* Participantes: Camadas Médias e Baixas
* Integrantes: Negros, Mestiços, Soldados, Alfaiates
* Líderes: João de Deus, Manuel Faustino dos Santos, Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas
* Inspiração: Revolução Francesa (poder jacobino – 1792-1793)
* A Favor da Libertação dos Escravos
* O Movimento foi duramente reprimido
Independência do Brasil
5. Guerras Napoleônicas
* 1806: Bloqueio Continental
- Europeus proibidos de comerciar com a Inglaterra
- Objetivo: Sufocar economicamente a Inglaterra
* Portugal: Permanece parceira da Inglaterra
* Resultado: Ataque francês a Lisboa

6. Transferência da Família Real
* 1808: D. João, a Família Real e cerca de 15 mil nobres chegam ao Brasil
* Ingleses: Queriam algo em troca (o direito de comerciar com o Brasil)
* Abertura dos Portos
- Os comerciantes ingleses podiam comerciar diretamente com o Brasil
- Representava o Fim do Monopólio Comercial

7. Tratados de 1810
* Taxas Alfandegárias
- Produtos Importados da Inglaterra (15%)
- Produtos Importados de Portugal (16%)
- Produtos Importados de Outro País (24%)
* Alvará de 1785: Proibia as Manufaturas Coloniais (anulado por D. João)
- Os brasileiros tinham liberdade de instalarem fábricas, porém quase não ocorreu, devido a concorrência dos produtos ingleses
* 1815: Reino Unido
- O Brasil era Reino Unido a Portugal e Algarves (região do sul de Portugal)
- Capital: Rio de Janeiro

8. Revolução Pernambucana de 1817
* Nordeste: Opressão continuava
* Continuaram pagando pesados impostos e o Comércio estava nas mãos dos portugueses
* Influência: Revolução Francesa (O Diretório)
* Ideal: Liberalismo
* Conflito: Camadas Médias e Altas versus Comerciantes Portugueses
* Durante 10 semanas Pernambuco esteve independente do Brasil
* Nacionalismo: Largaram o Pão e o Vinho português em troca da Cachaça e da Mandioca nativa
* Aderiram ao movimento: Ceará, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte
* Desentendimentos: Uns queriam Reformas Sociais outros não (escravidão e sufrágio universal)
* O movimento foi duramente reprimido
- Prisões, enforcamentos, chicotadas
9. Revolução Liberal do Porto (1820)
* Líderes: Burguesia
* O Parlamento queria elaborar uma nova constituição
* Portugal continuava tendo um rei ausente (D. João VI)
* Pela nova constituição uma Monarquia Constitucional substituía a Monarquia Absolutista
* Objetivo: Tornar o Brasil colônia novamente
* Medidas: Aumento dos Impostos / Enviaram tropas para RJ e PE / Nomearam novas autoridades / Ordenaram o regresso de D. João a Lisboa
* Resultado: D. João deixa o Brasil nas mãos de seu filho D. Pedro

10. Partidos e Propostas
* Partido Português
- Nem todos eram portugueses
- Integrantes: Militares, Funcionários Públicos, Comerciantes Antigos
- Proposta: Retorno ao Monopólio Comercial
* Partido Brasileiro
- Integrantes: Fazendeiros, Comerciantes, Classe Média
- Proposta: Independência (país dominado pelos grandes proprietários)
* Partido Radical
- Proposta: Independência (república com Sufrágio Universal e Abolição da Escravidão – Nem todos compartilhavam com esta ideia)
* A Proposta do Partido Brasileiro foi a Vencedora

11. Exclusão do Povo
* Independência sem participação popular
* Saída: Apoiar D. Pedro (líder da independência)
* Não haveria necessidade de derrubar o governo
- Independência realizada sem ruptura política

12. D. Pedro Vira D. Pedro I
* O governo português ordenou que D. Pedro voltasse a Portugal
* Dia do Fico
- O Partido Brasileiro conseguiu que 8 mil pessoas assinassem um documento pedindo a D. Pedro que ficasse no país
* Junho de 1822: D. Pedro anuncia que haveria eleições para uma Assembleia Constituinte
- Era o anúncio da Independência
* 07.09.1822: Independência


sábado, 12 de outubro de 2013

O Futebol Brasileiro em Concordata


     No Brasil o que mais se discute no âmbito da política são a corrupção e a impunidade que contamina historicamente o nosso país. Os quatro poderes se protegem mutuamente, incluindo a imprensa, e desfazer esse círculo vicioso seria um dos grandes feitos da sociedade civil.
     São escândalos se avolumando por todo país, onde a Lei da Ficha Limpa parece ser letra morta. Nossos governantes criam a vontade cargos comissionados, onerando os cofres públicos; nomeiam pessoas de sua confiança para lhes fiscalizar; a DRU é um absurdo que não se discute sua legitimidade e as obras superfaturadas estão por toda parte sem nenhuma ação eficaz dos órgãos fiscalizadores.
     Infelizmente no futebol acontece o mesmo. Presidentes de federações se perpetuam no poder sem nenhum senso crítico da imprensa (em sua maioria), a Copa do Mundo no Brasil é festejada como se o acontecimento servisse para melhorar o status social do nosso país e a principal entidade que rege esse esporte está mergulhada em escândalos de corrupção, demonstrando que a impunidade está presente não só na política nacional.
     O jornalista e historiador Lúcio de Castro dos canais ESPN fez uma reportagem investigativa um tanto perturbadora. Cláudio Honigman, que era (ou é) parceiro de Riccardo Teixeira e Sandro Rosell, foi recebido “com horas” pela ministra da Casa Civil Gleisi Hofmann no dia 21 de agosto.
     Cláudio Honigman comandava os negócios da seleção brasileira na época de Ricardo Teixeira, oferecendo serviços em nome de sua empresa 100% Marketing. O cidadão citado tem seu nome envolvido em diversos escândalos que vai desde a prisão decretada por falta de pagamento de pensão alimentícia (10/10/10) à organização fraudulenta de amistoso da seleção canarinho (contra Portugal no dia 19/11/08).
     Honigman teve acesso ao Gabinete da Casa Civil apresentando-se como presidente do Banco Mizuho no Brasil, porém a assessoria da instituição financeira negou que o brasileiro o representasse[1].
     Por que alguém com caráter tão duvidoso teria livre acesso aos corredores da Casa Civil? O que este indivíduo poderia acrescentar ao Governo Federal? São perguntas que precisam ser respondidas, no entanto não teremos a colaboração da grande imprensa.
     A construção dos estádios para a Copa 2014 é mais um assunto delicado referente ao futebol brasileiro. A grande mídia trata de desqualificar qualquer crítica que envolve a construção das Arenas e os valores insensatos de alguns nem são contestados, muito menos investigados.
     O futebol brasileiro saiu das mãos dos clubes e o torcedor é o mais prejudicado nessa conjuntura, pois as novas Arenas são espaços para poucos. Os maiores beneficiados são as construtoras, as empreiteiras e os tais “consórcios”. Maracanã e Mineirão, só para citar os principais, deixaram de ser dos clubes, pois houve privatizações com dinheiro público. O Estado arca com 4x e vende por x. Sou péssimo em matemática, mas até eu entendi essa conta. Quanto absurdo no país da Copa!
     Já escrevi em outro artigo sobre a sordidez que são os valores desses estádios, portanto não serei repetitivo. Mas o inconformismo não está ausente como pensavam as elites do Brasil. As manifestações foram a prova de que o povo descontente será a mola propulsora para a mudança. Substituir lideranças no poder não é suficiente, pois a estrutura permanece. Um exemplo é a troca do Teixeira pelo Marín.
      Portanto será que um insucesso da nossa seleção na Copa não seria saudável para alavancar a moralização e a organização do futebol brasileiro? Quem sabe!  

   

    

 

 

 

    



[1] Ver mais a respeito no Blog do Lúcio de Castro www.espn.com.br/blogs/luciodecastro.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Legado da Copa 2014


     Na segunda-feira (08/04/2013) o ministro dos Esportes Aldo Rabelo (PC do B) foi o convidado do programa Roda Viva da TV Cultura. Os ânimos se acirraram quando o comentarista dos canais ESPN Mauro Cézar Pereira levantou algumas questões pertinentes, gerando revolta em certas cidades. Com muita propriedade e competência os jornalistas da emissora citada aliam os assuntos esportivos aos políticos, nos quais os torcedores brasileiros não estão acostumados com essa metodologia de transmissão.
     Os torcedores adoram ouvir o que lhes é conveniente e é isso que faz a maioria dos canais esportivos do país. Discutir o ônus que essa Copa trará para a população não está no roteiro dessas emissoras, que, muitas vezes, são subsidiadas pelos promotores desses eventos.
     O amazonense não deve se ofender com as declarações de Mauro Cézar, mesmo porque sabemos que nós amamos futebol. Não tenha dúvida que os jogos na Arena da Amazônia terão grandes públicos e que o estádio será entregue a tempo. Faltando pouco mais de um ano para a Copa, que medidas, referentes à melhoria do futebol local, foi tomada por políticos e empresários que estão se beneficiando com essa obra faraônica? Que obra foi feita pelo governo para melhorar o trânsito e a vida das pessoas em torno do estádio? Vou me adiantar e responder as duas perguntas. Nada foi feito.
     A reforma do Maracanã já beira um bilhão de reais e mesmo assim outras obras serão exigidas para as Olimpíadas. Os estádios de Cuiabá, de Brasília, de Pernambuco e de Manaus serão “elefantes brancos” sim. Arenas dessas envergaduras necessitam de grandes eventos o ano todo para suprir os altos gastos. Mas, como àqueles que estão no poder preferem justificar com evasivas, vamos acreditar que “nossa” Arena da Amazônia servirá para engrandecer nosso futebol. Servirá para sediar os jogos do Peladão. Ou servirá para sediar as apresentações de Garantido e Caprichoso.
     Infelizmente é mais cômodo ouvir os comentários “patrióticos” de Galvão Bueno e sua turma global. É mais cômodo e oportunista acusar Mauro Cézar de preconceituoso. Enfrentar esses problemas e prestar contas com a população não estão nos planos dos promotores da Copa.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Sucateamento de uma Categoria

     Certa vez encontrei um conhecido que não via há anos e este me perguntou o que eu fazia da vida. Disse que era professor, ele, prontamente, com um olhar de penúria, falou-me que admirava esses profissionais que lutavam pelo desenvolvimento de um país. Infelizmente é assim que somos vistos.
     Enquanto a Europa está mergulhada numa crise financeira grandiosa, o Brasil vive um eldorado econômico que não está sendo aproveitado por nossos gestores. Escândalos de corrupção escamoteando dinheiro público se alastram sem nenhuma punição verdadeira e verbas que deviam ser usadas no desenvolvimento do país são alocadas para negócios escusos.
     A história mostra como uma nação pode crescer. Temos muitos exemplos. Cuba, China, Coreia do Sul são apenas alguns modelos que deveríamos seguir no que se refere ao ensino. Esse crescimento só pode ser alcançado com uma educação de qualidade. É um projeto a médio ou longo prazo, porém nenhum governante tem essa iniciativa, pois são imediatistas. Sabem que a mudança pode ocorrer quando não estiverem mais no poder. Este é o retrato do Brasil. Um país governado por corruptos que legislam em causa própria, sem nenhum órgão que barre seus desmandos. Falar em desenvolvimento nessa conjuntura é, no mínimo, hipócrita.
     Parlamentares ganhando 14º e 15º salários e criando aumentos em seus rendimentos que beiram os 100%, cargos comissionados sendo criados para ocuparem vagas de concursados, sem falar na DRU (Desvinculação de Receita da União) são algumas anomalias dessa frágil democracia.
     Enquanto a educação não for tratada da forma que merece, sempre seremos essa colônia dependente. No Amazonas os professores são obrigados a elevarem os números fantasiosos dos nossos alunos analfabetos funcionais; temos uma alta carga horária, impossibilitando um trabalho mais sólido e, para completar, a atual gestão da Secretaria de Educação criou uma prova para reconhecer a promoção por tempo de serviço dos profissionais.
     Além de ilegal, essa prova é uma ingenuidade política. Os valores da promoção são irrisórios. Porque comprar briga com essa categoria tão sucateada? Até quando viveremos nessa ditadura camuflada pelos três poderes?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nossa (In) dependência


     Todo dia 7 de setembro comemoramos a independência do Brasil. Esta ocorreu em 1822, mas as articulações para o acontecimento se acirraram, principalmente após a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, pois com a chegada dos nobres lusitanos a colônia brasileira passou a ter mais autonomia.
     As explicações para essa autonomia giram em torno da dependência política e econômica que os portugueses tinham com os ingleses. Com o intuito de não perderem sua parceria comercial com a Inglaterra, D. João e sua turma resolveram se alojar em sua principal colônia, já que os franceses os pressionavam após o Bloqueio Continental. Foi assim que a família real portuguesa, junto com mais ou menos 15 mil nobres, fugiu para o Brasil. A partir daí, o cotidiano e a vida política e econômica tupiniquim iriam mudar.
     Agora o povo da colônia tinha que aprender a se comportar perante uma família de nobres. Outra mudança foi a presença inglesa em nossa economia e nos rumos políticos do Brasil. Os ingleses passaram a ser os maiores beneficiados após os Tratados de 1810 e a Abertura dos Portos às Nações amigas. Afinal, os britânicos financiaram e apoiaram a vinda dos portugueses para cá. Acham que seriam de graça? Algo queriam em troca não acham? Vamos relembrar o contexto histórico do período.
     A revolução francesa mudou os rumos políticos da Europa durante o século XIX. O exército napoleônico invadia países ainda regidos pelo Antigo Regime e impunha os valores liberais e burgueses. Porém, os ingleses possuíam uma marinha poderosa e uma posição geográfica privilegiada, dificultando a penetração dos inimigos.
     Foi aí que Napoleão resolveu golpear a Inglaterra. O Bloqueio Continental, decretado por Bonaparte, impedia qualquer país Europeu de comerciar com os ingleses, cujo intuito era sufocar economicamente seu oponente.
     Então, o objetivo dos ingleses em apoiar a ida dos portugueses ao Brasil era simples. Visavam explorar economicamente a colônia de Portugal. Despejar seus produtos industrializados, favorecimento fiscal e matéria-prima abundante foram algumas das benesses que os britânicos receberam neste contexto.
     Durante toda a história do Brasil fizemos um papel de colônia. Primeiro pelos portugueses, depois pelos ingleses e agora somos alvo de multinacionais e banqueiros internacionais. Infelizmente, continuamos a padecer desse mal. A autonomia de fato está longe de acontecer devido às imposições do neoliberalismo. Somente com uma política séria, compromissada com as questões sociais poderíamos vislumbrar uma mudança a médio ou longo prazo.
     Num país que viveu sob o autoritarismo durante tanto tempo ainda não se acostumou com a democracia, porém a união dos três poderes impede qualquer reação das massas no Brasil, pois o corporativismo favorece as elites políticas desse país, portanto o que nos resta?
     Mesmo pagando impostos exorbitantes no Brasil, seus conterrâneos participam de forma inibida das decisões políticas do país. O sistema de saúde carece de enormes reformulações, já que não atende adequadamente a maioria da população. A minoria, que possui recursos financeiros, migra para o sistema privado, onde enfrentam inúmeros problemas, dependendo do plano. O sistema educacional é vergonhoso. Há anos que o país acumula insucessos nos diversos exames e mesmo assim as autoridades (in)competentes não enxergam que para promover o real desenvolvimento de uma nação é necessário investir em educação, para não se tornar dependente de países que exportam tecnologia. Enquanto isso escândalos de corrupção se proliferam e os poderes executivo, legislativo e judiciário atuam de comum acordo para a manutenção das instituições vigentes. O que há de democrático nisso tudo? É esperar pra ver o desenvolvimento dessa nossa (in)dependência.



terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pequenos Gestores, Grandes Negócios

     A educação no Brasil vem respirando por aparelhos há tempos. São salas de aula desestruturadas, sem climatização, sem material e recursos didáticos adequados, e, principalmente, com professores desestimulados e estressados, devido aos baixos salários e assédio moral promovido por alguns gestores.
     Além desses problemas, a educação se transformou num espaço eleitoreiro, onde muitos diretores agem para divulgar dados mentirosos do sistema educacional de nosso país. Isso mesmo. As salas de aula viraram fábricas, onde a meta principal é a produtividade. São números. São elevados graus de aprovação, mesmo que tais alunos não estejam aptos a serem aprovados. Muitos não podem nem serem aprovados em exames de fezes, pois são verdadeiros analfabetos.
     Daí vão as perguntas. Por que os professores seguiram com esse aluno? Por que não o reprovaram para poder tentar recuperar algo que se perdeu na série anterior? Por que a escola permitiu isso?
     Doa a quem doer, o objetivo são elevados percentuais de aprovação. Se o aluno não comparece? Invente nota. Se o aluno não faz avaliações? Procure-o. Se o aluno tumultuar, não quiser estudar? Aguente, pois os pais de tais indivíduos são importantes eleitores.
     Nossos alunos já perceberam o paternalismo que é o sistema educacional. São tutelados pelo Estado para serem seus maiores divulgadores de números fantasiosos. Escolas com 80% e 90% de aprovação. Diretores pressionando professores para esses números elevarem. Essa é a realidade de nossa educação.
     A formação do cidadão, a responsabilidade, a qualidade da educação são deixadas de lado em prol de vultosos índices que enganam o telespectador e a sociedade. A mudança desse quadro é difícil. Diria que é impossível, pois requer um conjugado de situações.  
     Investimentos maciços na área, salários compatíveis com um profissional com ensino superior, recursos e materiais abundantes e mudança de postura das secretarias educacionais são medidas que urgem.
     Todos esses escândalos envolvendo morte de alunos e professores refletem o atual momento que vivem os trabalhadores da educação. Vivem temerosos e estressados. Muitos bons colegas já deixaram a área. Outros vão deixar ou já estão deixando. Os piores estão procurando as salas de aula, piorando a qualidade da formação de nossos jovens. Enquanto não houver boa vontade política, a situação tende a piorar, assim logo logo chegaremos à barbárie.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Crise Neoliberal e Sofrimento Humano *

O balanço que faço de 2010 vai ser diferente. Enfatizo um dado pouco referido nas análises: o imenso sofrimento humano, a desestruturação subjetiva especialmente dos assalariados, devido à reorganização econômico-financeira mundial. Há muito que se operou a “grande transformação” (Polaniy), colocando a economia como o eixo articulador de toda a vida social, subordinando a política e anulando a ética. Quando a economia entra em crise, como sucede atualmente, tudo é sacrificado para salvá-la. Penaliza-se toda a sociedade como na Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e mesmo nos USA em nome do saneamento da economia. O que deveria ser meio transforma-se num fim em si mesmo.
Colocado em situação de crise, o sistema neoliberal tende a radicalizar sua lógica e a explorar mais ainda a força de trabalho. Ao invés de mudar de rumo, faz mais do mesmo, colocando pesada cruz sobre as costas dos trabalhadores. Não se trata daquilo relativamente já estudado do “assédio moral”, vale dizer, das humilhações persistentes e prolongadas de trabalhadores e trabalhadoras para subordiná-los, amedrontá-los e, por fim, levá-los a deixar o trabalho. O sofrimento agora é mais generalizado e difuso afetando, ora mais, ora menos, o conjunto dos países centrais. Trata-se de uma espécie de “mal-estar da globalização” em processo de erosão humanística.
Ele se expressa por grave depressão coletiva, destruição do horizonte da esperança, perda da alegria de viver, vontade de sumir do mapa e até, em muitos, de tirar a própria vida. Por causa da crise, as empresas e seus gestores levam a competitividade até a um limite extremo, estipulam metas quase inalcançáveis, infundindo nos trabalhadores angústias, medo e, não raro, síndrome de pânico. Cobra-se tudo deles: entrega incondicional e plena disponibilidade, dilacerando sua subjetividade e destruindo as relações familiares. Estima-se que no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas sofram este tipo de depressão, ligada às sobrecargas do trabalho.
A pesquisadora Margarida Barreto, médica especialista em saúde do trabalho, observou que ano passado, numa pesquisa ouvindo 400 pessoas, que cerca de um quarto delas teve ideias suicidas por causa da excessiva cobrança no trabalho. Continua ela: “é preciso ver a tentativa de tirar a própria vida como uma grande denúncia às condições de trabalho impostas pelo neoliberalismo nas últimas décadas”. Especialmente são afetados os bancários do setor financeiro, altamente especulativo e orientado para a maximalização dos lucros. Uma pesquisa de 2009 feita pelo professor Marcelo Augusto Finazzi Santos, da Universidade de Brasília, apurou que entre 1996 a 2005, a cada 20 dias, um bancário se suicidava, por causa das pressões por metas, excesso de tarefas e pavor do desemprego. Os gestores atuais mostram-se insensíveis ao sofrimento de seus funcionários, acrescentando-lhes ainda mais sofrimento.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de três mil pessoas se suicidam diariamente, muitas delas por causa da abusiva pressão do trabalho. O Le Monde Diplomatique de novembro do corrente ano denunciou que entre os motivos das greves de outubro na França, se achava também o protesto contra o acelerado ritmo de trabalho imposto pelas fábricas causando nervosismo, irritabilidade e ansiedade. Relançou-se a frase 1968 que rezava: “metrô, trabalho, cama”, atualizando-a agora como “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer, doenças letais ou o suicídio como efeito da superexploração capitalista.
Nas análises que se fazem da atual crise, importa incorporar este dado perverso que é o oceano de sofrimento que está sendo imposto à população, sobretudo, aos pobres, no propósito de salvar o sistema econômico, controlado por poucas forças, extremamente fortes, mas desumanas e sem piedade. Uma razão a mais para superá-lo historicamente, além de condená-lo moralmente. Nessa direção caminha a consciência ética da humanidade, bem representada nas várias realizações do Fórum Social Mundial, entre outras.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. Amazonas Em Tempo, Manaus, 28 de Dezembro de 2010.
 

Feudalismo e Absolutismo - Questões Objetivas

Feudalismo e Absolutismo 1. (Mackenzie) O florentino Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) rompeu com a religiosidade medieval, estabelecendo...